São três os caminhos que Portugal deve orientar-se enquanto trabalha na sua agenda digital. A declaração é de Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, que falou, recentemente, numa sessão sobre economia circular, promovida pela European Policy Centre.
Os serviços ambientais sociais são, desde logo, o primeiro caminho onde a digitalização tem espaço para atuar. Inês Costa lembrou o confinamento, destacando que os trabalhadores destes serviços estiveram na “linha da frente” e tudo fizeram para que nada falhasse aos portugueses: “Precisamos de valorizar mais os serviços essenciais do ambiente”. A digitalização pode contribuir para uma “melhor manutenção” dos serviços, mas também, para uma “manutenção preventiva das infraestruturas” ao controlar “perdas comerciais ou reais”.
Do lado dos equipamentos eletrónicos, o segundo caminho, o digital pode ter igualmente um grande contributo, no sentido de impulsionar a “reutilização” e a “reparação” dos mesmos: “O digital é uma ferramenta que pode ajudar a lutar com a obsolescência dos equipamentos”. Aqui, Inês Costa defende a importância de se estender o “ciclo de vida dos produtos”, contribuindo para que os negócios passem de um “modelo de negócio de produto” para um “modelo de negocio de serviço”.
O terceiro caminho centra-se no uso de blockchain que, para Inês Costa, é um contributo inovador que pode ser usado para “certificar informação” nas reivindicações ambientais. Ou seja, “termos informação orientada” para uma “melhor contabilização” e para “melhores indicadores de monitorização”, sustenta.
Inês Costa destacou ainda a importância da Comissão Europeia estar a trabalhar na diretiva de crimes ambientais: “É uma enorme peça legislativa que irá certamente ajudar a avançar em termos de equilibrar o contexto, nomeadamente, em termos da responsabilidade do produtor e o princípio do poluidor-pagador”. Já em matérias de planos e estratégias, a secretária de Estado do Ambiente destaca que Portugal está a trabalhar no sentido de assegurar se tal estratégia tem, realmente, um objetivo claro: “Como é que se relaciona com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e qual ODS essa estratégia está a ajudar”.
Ao longo da sessão o emprego também serviu de mote para Inês Costa destacar a importância de se olhar para o nível de competências, nomeadamente para a curva da oferta e da procura: “Este gráfico não está a flutuar no nada, sendo que está bem no centro do ciclo da biosfera”. Desta forma, deve-se assegurar que “os economistas e os gestores não percam de vista esses limites”, declara.
Com nota final, a secretária de Estado do Ambiente destacou a importância de existir um a”melhor ligação” entre os objetivos económicos, políticos, industriais ou ambientais: “Se não o fizermos, estaremos constantemente a mudar o objetivo para outro ator. Temos de ter a consciência que cada player tem a sua própria responsabilidade”.