No âmbito do Dia Nacional da Água que se assinala esta sexta-feira, 1 de outubro, a Ambiente Magazine quis saber, junto de Alberto Carvalho Neto, CEO da Be Water, qual a importância de comemorar a efeméride: “É uma excelente oportunidade para se refletir sobre a importância deste recurso. É uma boa oportunidade para recentrar o debate, colocando as pessoas e a boa gestão do recurso vital no centro das preocupações. Graças a dias como este, conseguimos consciencializar a população para o valor da água em todas as dimensões que existe”.
Sendo a água um recurso cada vez mais escasso, torna-se urgente valorizá-la e evitar desperdícios: “Neste capítulo, é importante assegurar uma comunicação assertiva do que estamos a fazer, para que a população se sinta impulsionada a participar nesta grande campanha de proteção e valorização”.
A Be Water, presente em Portugal há 30 anos, conta com um longa experiência e investimento na área do abastecimento de água: “Tratar deste recurso tão importante obriga a uma operação com capital humano qualificado e com acesso a tecnologia sofisticada que permita contribuir com as melhores soluções para qualquer desafio”. Por isso, o foco da empresa assenta em trabalhar em “proximidade junto das comunidades”, garantindo o “abastecimento de água a quase 600 mil pessoas” por todo o país.
Relativamente a projetos ou ações em marcha para salvaguardar o recurso, Alberto Carvalho Neto destaca um “claro investimento em toda a linha com o desenvolvimento sustentável”, que se divide em compromissos de foro ambiental, social e económico: “Este investimento reafirma-se essencial para mitigar os impactos das alterações climáticas, para garantir a gestão sustentável do ciclo da água e para proteger a biodiversidade”. Dentro dos investimentos, o responsável acrescenta a “otimização das infraestruturas dos sistemas de abastecimento de água e saneamento”, no sentido de “reduzir os custos de serviço”, sem nunca comprometer a qualidade de excelência, bem como a “eficiência energética dos equipamentos e instalações”. O CEO da Be Water não tem dúvidas de que o resultado do trabalho de três décadas em território nacional reforça a certeza de que caminho está a ser feito no sentido correto: “Estamos a fazer cada vez mais e melhor pelo nosso país”. E a pandemia evidenciou isso mesmo: “Mantivemo-nos na linha da frente, a assegurar a continuidade deste serviço essencial, com a qualidade de sempre”, afinca.
[blockquote style=”2″]PRR: O setor da água passou quase completamente ao lado[/blockquote]
Questionado se é dada a mesma importância ao setor da água como ao dos resíduos, Alberto Carvalho Neto não tem dúvidas de que ambos têm uma “enorme preponderância na vida das pessoas e na estratégia ambiental” do país: “A verdade é que (os dois setores) tiveram um percurso de excelência nas últimas décadas, o que só nos pode orgulhar enquanto portugueses”. Contudo, “se me perguntar se acho que o setor da água tem merecido a atenção e a importância que devia, aí respondo-lhe claramente que não”.
Já ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o CEO da Be Water constata que o setor da água “passou quase completamente ao lado” do conjunto de investimentos definidos como prioritários: “Uma realidade que não deixa de ser estranha dada a importância do recurso água e o conjunto de desafios que se começam a desenhar no horizonte do setor, nomeadamente a implementação de uma economia cada vez mais circular e o aumento da resiliência dos sistemas face à ameaça das alterações climáticas”.
Como é que projeta o futuro do setor da Água em Portugal?
O setor da águas ainda tem que evoluir em Portugal, principalmente no que diz respeito a mudança de mentalidades. É preciso perceber que a gestão e utilização da água não pode estar sujeita aos humores eleitorais: é demasiado importante para ser vista sob o ponto de vista de um momento político ou eleitoral. Há muito que nos debatemos com os resgates de concessões, com idas a tribunal, com propostas desadequadas, com pareceres que não chegam, com avaliações pouco justas para a população e com um Governo que se tem vindo a esquecer o papel dos privados na evolução do setor. Mas continuamos certos de que trabalhamos na Be Water pelo interesse público, através da prestação de um bom serviço à comunidade, com uma cobertura de água cada vez mais eficaz e com um preço justo para todos. O grande foco tem de estar nas necessidades da população, na qualidade do serviço, na sustentabilidade do acesso e do sistema, na utilização racional de um recurso vital e escasso. Além disso, para um futuro positivo, é preciso combater o desperdício num combate que se faz em todas as frentes. Se, para nós, importa assegurar a continuidade da redução de perdas de água e a implementação de soluções de reutilização de água no quotidiano dos cidadãos, esse combate faz-se através de pequenos gestos como fechar a torneira enquanto se escova os dentes, tomar banhos mais curtos, regular as válvulas de descarga, usar baldes em vez de mangueiras para limpezas, entre outras”.