Chefes de Estado, ministros e especialistas juntam-se hoje em Brasília para assinalar o Dia Mundial da Água, igualmente marcado em outras regiões, quando 80% dos países dizem ter falta de verbas para atingir os objetivos sobre água potável.
Entre as várias iniciativas para marcar o Dia Mundial da Água, este ano destacaram-se aquelas integradas no Fórum Mundial da Água, que termina na sexta-feira, em Brasília, no Brasil, e no qual também participaram portugueses integrados numa comitiva com governantes, políticos, investigadores ou empresários. Na sede da Assembleia Geral das Nações Unidas, a data será assinalada com uma sessão em que será lançada a Década para a Ação – Água para o Desenvolvimento Sustentável 2018-2028.
O 8.º Fórum Mundial da Água junta mais de 12 Chefes de Estado, de 100 ministros, deputados e autarcas, milhares de peritos em desenvolvimento sustentável e água e cidadãos de todo o mundo, que vão celebrar o Dia Mundial da Água, segundo a organização do evento. Este Dia Mundial ocorre numa altura em que estudos indicam que em 2025 metade da população mundial viverá em áreas de forte pressão hídrica, que 80% dos países assinalam falta de fundos para atingir os objetivos nacionais de água potável, mais de 840 milhões de pessoas em todo o mundo, ou uma em cada nove, não têm acesso a serviços de água potável e 2,3 mil milhões, ou uma em cada três, não têm acesso a casas de banho.
“Em todo o mundo, mais pessoas têm acesso a telemóveis do que a casas de banho”, salienta o ator e ativista pela água, Matt Damon, citado numa informação do Conselho Mundial da Água, que organizou o Fórum com o governo brasileiro. O Dia Mundial da Água 2018 destaca as “soluções baseadas na natureza” para os desafios hídricos atuais, em várias regiões do mundo afetados pelas alterações climáticas, desastres naturais e acentuado crescimento populacional.
Em Portugal, diversas entidades, como as associações ambientalistas, e o Governo vão também assinalar o Dia Mundial da Água. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, preside à sessão comemorativa, que se realiza, em Lisboa, na Academia das Águas Livres, e que conta com a presença da secretária de Estado adjunta e da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, para apresentar algumas iniciativas no âmbito da água. Será lançado o “Estudo Nacional sobre Atitudes e Comportamentos dos Portugueses face à Água”, o novo Portal da Água e um projeto piloto na cidade de Lisboa, Plano Nacional de Eficiência Hídrica na Administração Pública.
Os ambientalistas da Quercus e da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, aproveitaram o Dia para chamar a atenção para o desperdício de água e para os recursos que podiam ser poupados. “Em alguns regulamentos municipais nem sequer é permitida a ligação de poços ou de outras origens de água à canalização interior dos prédios”, aponta a Quercus. A maioria da água utilizada nas casas não necessita ser potável, e as descargas de autoclismo representam cerca de 33% do total e máquinas de lavar roupa e louça cerca de 15%, exemplifica.
A Zero salienta que apenas 58% das águas residuais recolhidas são tratadas e manifestou dúvidas de que os investimentos em curso melhorem significativamente a situação do saneamento em Portugal e sugeriu penalizações aos municípios. Os ambientalistas da Zero consideram chocante o funcionamento dos equipamentos “à margem da lei”, frisando que apenas 1.704 das 2.743 ETAR (estações de tratamento de águas residuais) existentes (62%) cumpriram as suas licenças de descarga de forma satisfatória.