No início do mês de junho, foi celebrado o recém-criado Dia do Betão, evento criado pela Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto – APEB, com o intuito de “oferecer uma nova plataforma de diálogo aos profissionais”.
“Queremos promover o networking, transmitir as últimas inovações e tecnologias e estimular a indústria do betão pronto. O formato inclui apresentações com temas de interesse para os profissionais do setor, bem como um espaço onde as empresas podem apresentar-se”, explica João Duarte, Diretor Executivo da APEB e criador desta efeméride em 2016. Este ano e, naquela que foi a segunda edição do Dia do Betão, estiveram presentes mais de 150 profissionais do setor, em Lisboa.
Numa época onde se promovem cada vez mais alternativas sustentáveis nos diversos setores, a sustentabilidade é também um eixo fundamental no setor da construção. A escassez de recursos e a necessidade de se reduzirem os custos ao longo de processo, fazem com que o setor da construção civil tenha que e adaptar e procurar novos métodos.
“É importante pensar na sustentabilidade logo na fase de projeto e não só na fase de construção. Se mudarmos a tecnologia construtiva e separarmos o betão do resto dos materiais, conseguimos, no fim de vida da obra, obter material reciclado com a qualidade necessária para fazer novo betão”, realça o responsável.
Iniciativas como o Dia do Betão são uma forma de se promover este tipo de discurso, afirma João Duarte, acrescentando que a APEB, “enquanto associação, quer contribuir para a evolução sustentável do setor do betão pronto”.
Mas do que falamos realmente quando nomeamos betão como “material sustentável”? A resposta foi nos dada por João Duarte. “É um material de construção que alia a elevada resistência a um baixo custo de produção e de aplicação, quando comparado com outros materiais como o aço e a madeira. Também é um material que contribui para o conforto dos utilizadores a nível térmico, energético e de segurança contra incêndio. E no fim da vida útil da estrutura pode ser 100 por cento reciclável”, sublinha.
Relativamente aos desafios que se impõe nos próximos anos, o responsável considera urgente uma nova legislação ao nível do transporte de betão. “Estamos a trabalhar para, ainda este ano, iniciar o processo para conseguir uma exceção à lei atual do transporte de mercadorias. Há um regulamento europeu que estabelece os limites dos tempos de condução, as pausas e os tempos de repouso. Estas regras pretendem aumentar a segurança nas estradas e fazem sentido para o transporte de mercadorias, mas não para o transporte de betão. O camião betoneira vai da central até à obra, ou seja, curtas-distâncias e está a maior parte do tempo parado com o motor ligado para manter o betão em movimento e evitar que endureça”.
A APEB tem ainda outras propostas a apresentar. “À semelhança do que já acontece na Áustria, queremos conseguir o aumento do peso máximo dos veículos de 4 eixos, que é o tipo mais utilizado no transporte do betao pronto. Isso vai permitir reduzir simultaneamente o consumo de gasóleo, as emissões de dióxido de carbono e o número de veículos pesados em circulação. Claro que a nossa proposta é consciente quanto à segurança rodoviária. O objetivo é distribuir o aumento do peso pelos vários eixos de forma a que o peso máximo por eixo não seja ultrapassado”, conclui.