Terminou no sábado mais uma campanha de escavações de dinossauros na Lourinhã. Este ano o foco foi um ninho de dinossauro carnívoro de grandes dimensões, descoberto na Praia do Caniçal, na Lourinhã, possivelmente de Lourinhanosaurus antunesi. A confirmar-se, este é o quarto ninho desta espécie a enquadrar as coleções do Museu da Lourinhã e a ser encontrado neste concelho.
Os restantes, nas localidades de Paimogo, Peralta e Casal da Rola, têm as mesmas características: ovos de cerca de 12 cm numa grande acumulação que pode chegar aos cem ovos, cascas negras de cerca de 1 mm de espessura, com poros que permitem a sua identificação. Com 152 milhões de anos, estes são também os ninhos de dinossauros mais antigos da Europa. Os paleontólogos ainda não sabem a razão para se descobrirem tantos ovos desta espécie na região, mas uma coisa é certa: este parecia ser o local ideal para os Lourinhanosaurus nidificarem.
As escavações organizadas pelo Museu da Lourinhã, contaram com a coordenação científica da Universidade Nova de Lisboa, bem como com o apoio financeiro desta instituição, através do projeto XTaleggs e pelo Dino Parque da Lourinhã, através da contrapartida financeira pelas entradas dos visitantes.
Informações adicionais:
Desta vez, o ninho estava a meio da encosta da arriba costeira, dificultando a sua escavação. As primeiras cascas de ovo, caídas na base da encosta, foram descobertas em 2017 pelos voluntários Pedro Marrecas, Filipe Vieira e Micael Martinho que informaram os paleontólogos. As escavações foram coordenadas cientificamente pelos paleontólogos Miguel Moreno Azanza e Octávio Mateus, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã. O acesso difícil à sua localização era apenas possível através de cordas, impossibilitando a sua extração total imediata. Esta tornou-se uma das mais complicadas para os paleontólogos: o ninho era bastante grande, resultando a sua extração num bloco de cerca de uma tonelada. As escavações que começaram já em 2017 onde o ninho foi sendo recolhido ao longo de três campanhas de verão, tendo finalmente terminado a semana passada.
Os paleontólogos ainda não sabem se os ninhos de Lourinhanosaurus eram comunitários, com várias fêmeas a pôr os ovos no mesmo local, como o elevado número de ovos parece sugerir. A existência de embriões, conhecidos em Paimogo e na Peralta, também ainda não estão confirmados neste novo ninho.
As escavações envolveram estudantes e voluntários de dez nacionalidades distintas que aproveitam para aprender técnicas de paleontologia na Lourinhã, orientados pelos profissionais acima referidos e ainda pelo paleontólogo Eduardo Puértolas-Pascual, da mesma equipa.
Os ovos estão num enorme bloco de pedra que foi envolvido em gesso e serapilheira para segurar e manter a coesão e retirado com uma máquina com um guindaste de 17 metros que teve de descer para a Praia do Caniçal. As arribas do Concelho da Lourinhã são destino frequente de visitas de campo organizadas pelo Museu da Lourinhã, agora com mais uma história para contar. O bloco com os ovos vai ser preparado no laboratório do Dino Parque da Lourinhã vai ser gradualmente exposto à medida que é escavado, num processo visível para os visitantes.
Paralelamente com esta nova descoberta, o Dino Parque prepara-se para realizar uma série de visitas às áreas de diversas descobertas para que os mais curiosos possam conhecer melhor as características geológicas que permitiram estas descobertas na região.