Descarbonização exige “bases tecnológicas e industriais sólidas, isentas de ideologias e dogmatismos”
A transição energética representa uma “enorme oportunidade” para a Repsol, que está empenhada numa transformação baseada nas suas capacidades humanas, tecnológicas e industriais, para assegurar um futuro mais rentável e sustentável. Quem o disse foi Antonio Brufau, Presidente da Repsol, que discursou, esta quinta-feira, 25 de maio, durante a assembleia-geral de acionistas.
Na sua intervenção, partilhada em comunicado, o Presidente da empresa reviu as chaves da transição energética, nomeadamente na Europa, e o caminho até às zero emissões líquidas até 2050, destacando os planos de transformação dos complexos industriais, para produzir combustíveis renováveis, com os convencionais, o negócio de geração renovável – com um objetivo de capacidade instalada de 6 GW em 2025 e de 20 GW em 2030−, a eficiência energética e a implementação de projetos de hidrogénio renovável. “Faremos da Repsol uma empresa cada vez melhor, adaptada às exigências da sociedade, mais rentável, na vanguarda da inovação, e ambiciosa nos seus objetivos”, assinalou.
Enquanto sociedade, “o nosso objetivo é transformar a nossa forma de crescer, a nossa economia e a nossa indústria, para alcançar a neutralidade climática até 2050, contudo sem perder a liderança tecnológico-industrial”, disse o empresário, constatando que a Europa está focada na sustentabilidade da transição energética: “A descarbonização exige bases tecnológicas e industriais sólidas, isentas de ideologias e dogmatismos, e um quadro regulamentar estável que incentive os investimentos, para não perder a competitividade”.
“a transição energética exigirá custos mais elevados, mas o fomento da tecnologia e da inovação terão um papel decisivo na sua redução”
Em relação à guerra na Ucrânica, o responsável apresentou duas perspetivas: por um lado, destacou a coesão e solidariedade da Europa e a política de sanções à Rússia, e, por outro lado, disse que a estratégia regulatória da Europa carece de planificação, o que compromete a segurança do abastecimento e da acessibilidade de energia. “É imprescindível que a Europa mude a forma de construir as cadeias de valor e abastecimento para não depender ainda mais da China ou da Rússia, no que diz respeito à transição energética”, sublinhou o responsável, relembrando que “a União Europeia importa 55% da energia que consome, enquanto os Estados Unidos são um exportador líquido”.
De acordo com Antonio Brufau, a transição energética exigirá custos mais elevados, mas o fomento da tecnologia e da inovação terão um papel decisivo na sua redução: “Deve-se abrir a porta a todas a opções que garantam uma transição justa em termos económicos e sociais, incentivar-se e facilitar-se a produção de investimento privado em I&D+i à escala industrial, com o objetivo único de descarbonizar”.
O debate energético deve, portanto, ter em conta o cidadão, que “exige segurança energética, energia acessível e sustentável”.
Da mesma forma, assegurou que os combustíveis renováveis são uma oportunidade para reforçar o tecido industrial, dinamizar as cadeiras de valor e abastecimento e fortalecer a autonomia estratégica: “A Europa não pode renunciar à sua indústria, motor de riqueza, bem-estar e emprego de qualidade.” Para tal, defendeu, são precisas “regras de jogo claras” para fomentar a inovação tecnológica e o investimento privado necessário para desenvolver tecnologias imaturas e não ficar para trás. “A transição tem de servir para fortalecer o nosso sistema tecnológico e o tecido industrial (…) que não se converta “numa plataforma extrativa de recursos públicos que alimentam as bases tecno-industriais de outras regiões”.
Tão importante nesta jornada é a sociedade: “Os cidadãos têm o direito a decidir o que consomem e como o fazem, sempre com o objetivo da descarbonização, mas cobrindo as suas necessidades energéticas a preços acessíveis”. E “a regulamentação deve ter em conta as exigências da sociedade, que está a exigir um equilíbrio no trilema da energia”, ou seja, energia segura, sustentável e acessível, sustenta.
Em 2023, prevemos investir 5 mil milhões de euros
Por seu turno, o CEO da Repsol, Josu Jon Imaz, sublinhou aquele que tem sido o bom desempenho da empresa em 2022, num contexto marcado pela guerra na Ucrânia, perturbações nas cadeias de abastecimento, incerteza, volatilidade e dinâmicas de mercado complexas.
“A Repsol está a avançar na sua ambição de liderar a transição energética e cumprir os objetivos de crescimento, diversificação e aposta nas multienergias, garantindo a rentabilidade e o máximo valor para o acionista, com uma política financeira prudente e num contexto volátil”, disse Josu Jon Imaz, sustentando que a empresa está preparada para o futuro:”Em 2023, prevemos investir 5 mil milhões de euros, sendo a maior parte destinado à transformação das suas empresas e 35% dos quais estarão ligados a projetos de baixo carbono”.
No seu discurso, o executivo dedicou parte da sua intervenção à remuneração dos acionistas, que se encontra “entre as mais atrativas da bolsa espanhola e do setor”, e sublinhou que, em 2022, foi aportado o máximo valor aos acionistas com um dividendo efetivo de 0,63 euros por ação e uma redução do capital social de 200 milhões de ações. “Vamos continuar a oferecer um retorno competitivo e atrativo, acima dos compromissos estabelecidos no Plano Estratégico, aumentando assim o valor para o acionista”, afirmou.
Foto: Antonio Brufau e Josu Jon Imaz