Devido à pandemia da COVID-19, o teletrabalho ganhou espaço. Como se adaptaram os investigadores do MARE? Como se fazem saídas de campo? E levar o mundo marinho às escolas? O MARE arranjou soluções para “desemaranhar estas redes”.
O MARE tem sete polos sediados na Universidade de Coimbra, no Politécnico de Leiria, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, no ISPA – Instituto Universitário, na Universidade de Évora e na ARDITI – Madeira.
No último ano, o Edifício CETEMARES, do Politécnico de Leiria, permaneceu aberto, mas todas as atividades de investigação presenciais foram suspensas durante alguns períodos. “A pandemia trouxe consigo mais desafios para a investigação e foi necessário repensar métodos de trabalho e de organização. Durante os períodos de confinamento, foram garantidos os serviços mínimos, estabelecidas limitações de frequência, o que impossibilitou o normal acesso e os trabalhos no edifício. Estas medidas tiveram impacto na execução de projetos, algo que estamos certos será tido em conta pelas entidades financiadoras”, afirma Maria Manuel Gil.
Por outro lado, a gestão das missões no terreno foi outra “dor de cabeça”. Num primeiro instante, as saídas de campo foram canceladas, à exceção de situações inadiáveis, por exemplo nos casos de fenómenos sazonais. “A nossa equipa trabalha sobretudo com peixes migradores e a maior parte destes estudos são realizados durante as migrações reprodutoras, normalmente na primavera. Com estas condicionantes temporais, as restrições devidas à pandemia podem fazer-nos perder não apenas dois-três meses de trabalho, mas um ano inteiro” revelou Carlos Alexandre. Mais tarde, em maio-junho, foi possível voltar ao “normal”, mas com todas as medidas de segurança impostas pelas autoridades de saúde.
Também o hashtag das sessões d’ O MARE vai à escola se alterou – passou a ser #oMAREvaiacasa. “Em maio de 2020 criámos um conjunto de recursos educativos que pudessem ser utilizados pelos alunos de forma autónoma, ou pelos professores como complemento nas aulas à distância ou presenciais”, explica a investigadora Luísa Aurélio.
“Para os alunos do secundário surgiu ainda a atividade “Palavra de Cientista”, uma sessão online em que a turma tem a oportunidade de conhecer o trabalho de um investigador do MARE, podendo fazer-lhe perguntas e compreender como seguir uma carreira científica. Foi um sucesso!”
“Em setembro de 2020 enviámos um questionário aos professores, pensando que seriam poucos os pedidos para atividades presenciais. Fomos surpreendidos, principalmente com o interesse nas atividades presenciais, em segurança, claro.”
Desde o início do ano letivo já se realizaram 95 sessões (31 presenciais e 64 online). “Apesar de tudo, conseguimos adaptar-nos e continuar a levar o MARE e o mar às salas de aula e até às casas de muitos alunos”, e “sabe sempre bem entrar na sala de aula e ver os olhos curiosos de quem tanto quer aprender!”, conclui.
Neste meio de “redes”, também a rede ARNET – Aquatic Research NETwork, novo Laboratório Associado, foi aprovado e começa a dar os primeiros passos. Com 742 investigadores, é liderado pelo MARE, e conta também com o Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve e o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Universidade do Minho, distinguindo-se por atuar em todos os tipos de ecossistemas aquáticos.
Os investigadores da rede ARNET têm “provas dadas em investigação” para dar grandes contributos à ciência. As equipas continuam em campo, reajustando os calendários e reinventando-se neste mundo em mudança. As crianças continuam a fazer as suas perguntas: “Quando vão para o mar fazer trabalho de campo não têm medo de ser picados por um peixe-balão?”. Tudo está bem quando continua bem.