Numa conversa com a Ambiente Magazine, José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, esclareceu os objetivos do município para a área dos resíduos, em particular para os biorresíduos. Desde 1 de janeiro de 2024 que todos os municípios portugueses estão obrigados à recolha seletiva desta tipologia de resíduos.
2024 foi “marcado por resultados históricos na área dos resíduos”, visto que a recolha seletiva aumentou 35%, passando de 5.511 toneladas no ano anterior para 7.464 toneladas – “este crescimento reflete uma estratégia consistente da Câmara Municipal de Aveiro, implementada ao longo dos últimos anos, para promover a sustentabilidade e uma gestão mais eficientes dos resíduos”, começa por dizer o autarca.

A recolha trifluxo porta-a-porta também duplicou (de 1.087 para 2.357 toneladas), sendo que, atualmente, mais de 5.500 moradias e 331 estabelecimentos estão abrangidos por este modelo, gerido em parceria com a Veolia e a ERSUC.
José Ribau Esteves destaca ainda o aumento expressivo na recolha de biorresíduos, sobretudo em estabelecimentos HORECA, IPSS e cantinas escolares, com um crescimento de 406 toneladas para 1.048, face a 2023.
Em termos de quantidade, “os biorresíduos destacam-se com a fração mais recolhida seletivamente. Já os óleos alimentares usados (OAU) são dos que menos recolhemos”. No caso das pilhas e baterias, embora os volumes recolhidos pelo município sejam ainda reduzidos, “importa sublinhar que estes resíduos têm múltiplos pontos de receção externos (supermercados e lojas de eletrodomésticos, o que dificulta uma comparação direta”.
No que diz respeito à obrigação de recolher seletivamente os biorresíduos, o Presidente do município garante que o mesmo iniciou a recolha a 5 de junho de 2023, “antecipando-se à obrigatoriedade legal”. Este processo foi possível com um financiamento do POSEUR para a recolha seletiva porta-a-porta desta tipologia de resíduos no setor HORECA e com um financiamento do Fundo Ambiental para um projeto de compostagem doméstica, iniciado em 2024.
Neste momento, estes biorresíduos são encaminhados para a unidade da ERSUC em Eirol, onde são tratados numa linha dedicada de compostagem, complementada com digestão anaeróbia.
Mesmo assim, o “principal desafio prende-se com a correta separação dos biorresíduos pelos utilizados”, explica Ribau Esteves, acrescentando que “apesar de a qualidade dos resíduos entregues na ERSUC ser já muito boa, a Câmara Municipal de Aveiro irá continuar a apostar em ações de sensibilização ambiental para garantir uma separação eficaz na origem”.
Sobre os próximos passos, Aveiro pretende alargar a recolha seletiva de biorresíduos porta-a-porta no canal HORECA a todas as freguesias (com exceção de São Jacinto, onde a solução é a compostagem doméstica). “Atualmente, temos um circuito de recolha diário no centro urbano e pretendemos implementar mais dois circuitos de recolha, com uma frequência de três vezes por semana nas restantes freguesias”, afirma o autarca.
“Queremos ainda continuar o projeto de implementação da compostagem doméstica, que se iniciou em 2024. Em 2025, temos 1.000 kits de compostagem doméstica para distribuir em moradias com espaço de quintal e/ou jardim”, acrescenta ainda o Presidente da CMA.
Por fim, o passo seguinte no município passará pela implementação da recolha seletiva de biorresíduos no setor doméstico – “este será um desafio ambicioso e crucial para cumprir os objetivos de circularidade e valorização orgânica definidos a nível nacional e europeu”, remata Ribau Esteves.