As autoridades angolanas suspeitam que o derrame de petróleo que afetou o mar e a costa do enclave de Cabinda, no mês passado, possa ter sido originado na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo). A informação consta de um relatório do Ministério dos Petróleos de Angola sobre derrames de petróleo “de origem desconhecida” registados no terceiro trimestre, em que é identificado aquele caso, verificado entre 10 e 16 de setembro. Ainda assim, admite o Ministério, que o crude poderá ter tido origem “em operações petrolíferas na RDCongo”.
“Observação sem ação de resposta e processo de vigilância em curso. Contactos bilaterais com RDCongo em análise”, lê-se ainda no documento, que refere também que foi a operadora GABCOG (unidade empresarial da norte-americana Chevron na África austral) a notificar o incidente.
De acordo com informação prestada a 29 de setembro por fonte da secretaria provincial do Ambiente de Cabinda, as operações de limpeza naquela província estiveram a cargo da petrolífera norte-americana Chevron, que opera na região. Ainda assim, a mesma fonte apontava a necessidade de realização de intervenções de limpeza “mais científicas” e aprofundadas, nomeadamente pela ameaça que o derrame e as manchas ainda representam para uma zona de mangais e para uma parte da lagoa de Massabi.
A associação Voz do Pescador de Cacongo, que nos últimos anos tem denunciado vários derrames de petróleo no mar de Cabinda, exigiu na ocasião o pagamento de indemnizações por parte da Chevron, operadora de um bloco petrolífero naquela área, pelos prejuízos causados.
A província de Cabinda, enclave que faz fronteira a sul com a RDCongo, é responsável pela maior parte da produção angolana de petróleo.