Custos elevados e falta de mão de obra levam a incumprimento na limpeza dos terrenos

Os custos elevados e a escassez de mão de obra são indicados pelos profissionais de limpeza de terrenos como os principais motivos que levam a incumprimentos na gestão de combustível dos terrenos florestais, revela um estudo da Fixando junto do setor.

Esta realidade tem sido particularmente evidente em Santarém, o distrito com maior número de incumprimentos segundo comunicado da Guarda Nacional Republicana (GNR), onde o preço médio por hora de 31 euros para serviços de limpeza de terrenos contrasta com a média nacional de 20 euros. Apenas no distrito de Lisboa se verifica um preço médio mais alto, de 33 euros.

A GNR revelou ainda que, entre 2019 e 2023, seguiram-se Castelo Branco, Braga, Coimbra e Aveiro como os distritos com maior número de incumprimentos. Por outro lado, Évora, Beja e Portalegre são aqueles que registaram menos incumprimentos na limpeza de terrenos florestais.

A plataforma de contratação de serviços revela ainda que nos primeiros quatro meses do ano, se verificou uma quebra de 15% na procura por serviços de limpeza de terrenos, face ao mesmo período do ano passado.

A T M Duarte, empresa que presta serviços de limpeza de terrenos florestais no distrito de Guimarães, indica a falta de consciência sobre os riscos associados à falta de limpeza, bem como os custos elevados como principais fatores que levam os proprietários a adiar ou negligenciar a limpeza de terrenos. “A ideia de que deixar para depoi” pode ser mais económico acaba por ser um padrão comum entre aqueles que enfrentam dificuldades financeiras”, destaca um responsável da empresa.

Nuno Trindade, da Projeto Verde, esclarece que muitas vezes as limpezas de terrenos são muito dispendiosas em relação ao valor patrimonial dos mesmos, o que acaba por levar a uma desvalorização ou até mesmo abandono total por parte dos proprietários. “Quando consideramos terrenos rurais que são heranças, muitos ainda em processos de legalização, há proprietários que acabam por deixar os mesmos ao abandono, sendo que muitos deles não têm recursos financeiros para contratar quem proceda à limpeza dos terrenos”, explica.

Além da questão económica, a escassez de profissionais qualificados e a falta de mão de obra são também apontados como fatores determinantes para a incapacidade de alguns proprietários em manterem terrenos limpos.

De acordo com a Green Forest, empresa florestal sediada em Aveiro, existem muitas zonas onde simplesmente não existem profissionais para realizar este tipo de trabalhos e os proprietários não têm capacidade para levar a cabo a manutenção necessário nos seus terrenos.

“Perante estes desafios, torna-se essencial promover políticas que incentivem a formação e disponibilidade de mão de obra qualificada, bem como medidas que facilitem o acesso a serviços de limpeza a um custo acessível. Além disso, é importante que as autoridades adotem uma abordagem mais abrangente na aplicação de medidas coercivas, considerando não apenas a imposição de coimas, mas também a sensibilização e apoio aos proprietários na gestão adequada dos seus terrenos”, explica Alice Nunes, diretora de novos negócios da Fixando.

Este ano, a fiscalização da limpeza de terrenos arranca na quarta-feira, dia 1 de maio.