Crise de saúde pública não suspendeu a crise climática, alerta secretário de Estado da Mobilidade
O secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, deu o início oficial à Semana Europeia da Mobilidade da Amadora. De 16 a 22 de setembro, o município, juntamente com a EcoMood Portugal, promovem um programa extenso com várias atividades ligadas à mobilidade sustentável.
Embora o mundo esteja a lutar contra a pandemia da Covid-19, o dirigente alerta que “esta crise de saúde pública não suspendeu, de forma alguma, a crise climática que continuamos a viver”. Assim, todos os “objetivos, metas e ambições” definidas a “31 de dezembro de 2019” terão, naturalmente, que ser “mantidos e reforçados”. O dirigente recordou que Portugal definiu que, até 2050, quer atingir a neutralidade carbónica, destacando que, na “emergência climática”, é reconhecido que o “setor dos transportes” tem um contributo para as emissões de CO2 de cerca de 25%: “Não podemos ficar de braços cruzados”.
Nesta ambição, o secretário de Estado da Mobilidade considera que há três grandes desafios que devem ser redobrados, começando desde logo pelo reforço da aposta nos transportes públicos: “É a espinha dorsal de toda uma estratégia de mobilidade”. Eduardo Pinheiro recorda que foi “determinante a capacidade de investimento” e, sobretudo, aquela que foi dada para as “empresas cumprirem os seus objetivos” no que diz respeito à diminuição de CO2. Políticas, como a “redução tarifária”, foram determinantes: “Conseguimos trazer muita gente para o sistema e para a mobilidade coletiva”, fazendo com que o “preço” não fosse “fator determinante”, aquando da escolha entre o transporte coletivo ou o transporte individual. O ano 2020 iniciou-se assim com grande otimismo, algo que se foi desmoronando: “Assistimos a uma suspensão da mobilidade em função de toda a contingência, onde a procura reduziu de forma drástica”, refere o responsável, destacando a importância de agora recuperar todas as pessoas. Assim, garantir a “segurança da saúde pública e individual” é determinante, algo que já está em prática: “Há um aumento mas é preciso insistir”, vinca. O investimento nas empresas assume uma grande relevância nesta fase de recuperação mas o secretário de Estado da Mobilidade dá grande importância também ao “investimento” que deve ser reforçado na “expansão da rede” com mais autocarros a circular e outras disponibilidades horárias.
O segundo desafio passa pelo fomento da mobilidade ativa que resulta na diminuição da necessidade uma “mobilidade motorizada”. Para Eduardo Pinheiro, a mobilidade ativa tem um papel estruturante nesta ambição e apoios que ajudem a disponibilizar meios financeiros para redes de ciclovia são fulcrais: “Esperamos muito dos autarcas”, declara.
Por fim, o terceiro desafio centra-se na eletrificação da mobilidade, quer seja particular, quer seja coletiva: “É a energia mais limpa com mais maturidade”, diz o dirigente. Nesta matéria, o apoio do Estado teve um grande impacto na aquisição de veículos elétricos: “Em 2019, o apoio foi de três milhões e, em 2020, será de quatro milhões”, refere, dando nota que a “verba já está esgotada” para as empresas e particulares. “Há, de facto, um sinal por parte do mercado”, diz o responsável, acrescentando que, no mês de julho, no que diz respeito ao mercado de veículos elétricos, as “vendas dobraram” comparativamente ao ano anterior. Os números de hoje são a prova do trabalho que tem sido feito: “Desde 2015, foram atribuídos 12 milhões para investir, modernizar e aumentar a rede”, sustenta. Embora o mercado não dê tantos sinais de atratividade, Eduardo Pinheiro destaca a importância de “haver equidade e fazer face a alguns desequilíbrios” que podem surgir: “Os operadoras não terão tanto interesse em cidades do interior”, diz, considerando que, neste momento, o papel do Estado é muito importante para dar resposta aos desafios.