No âmbito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, a cidade do Porto reafirma o seu papel no combate ao desperdício alimentar e valorização dos resíduos orgânicos. A estratégia implementada pela empresa municipal Porto Ambiente permitiu que, só em 2024, fosse registado – até à data – um crescimento de 5,3%, o que totaliza mais 422 toneladas recolhidas desta fração, face a 2023.
Para o vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e responsável pelo pelouro do Ambiente e Transição Climática, Filipe Araújo, “o Porto é nacional e internacionalmente reconhecido como líder na transição para uma economia mais circular. O combate ao desperdício alimentar tem sido uma realidade e, para tal, muito contribuíram não só os comportamentos dos portuenses, mas também os programas implementados que têm tido um impacto positivo na redução do desperdício, mas também na consciencialização ambiental de todos. O crescimento na recolha de resíduos orgânicos, por seu lado, é outro indicador inequívoco do compromisso dos portuenses para com uma cidade mais sustentável.”
A recolha seletiva de orgânicos teve início em 2006, no setor não doméstico – em restaurantes, hotéis, cantinas e supermercados com resultados muito positivos. Atualmente, este sistema integra cerca de 1228 aderentes, fruto do esforço dos últimos anos.
Já em 2018, foi implementada a recolha seletiva porta a porta numa área da cidade constituída por habitações unifamiliares, com recolha de papel, vidro, embalagens/metal e também de resíduos orgânicos. São já 2760 aderentes e um total de 393 toneladas de resíduos orgânicos recolhidos, só no ano passado.
Lançado em abril de 2021, o projeto Orgânico de recolha seletiva em zonas de elevada densidade populacional tem sido um importante impulsionador da economia circular, através da valorização destes resíduos em composto devolvido aos solos para enriquecimento dos mesmos.
Abrangendo praticamente toda a cidade, este projeto conta com cerca de 35 800 participantes que só em 2023, contribuíram para separar mais de 1100 toneladas de resíduos orgânicos.
Combate ao desperdício e tratamento local
A estratégia do Porto para a gestão deste tipo de resíduos passa, primeiramente, pela redução e combate ao desperdício alimentar, através de iniciativas como o “Dose certa”, criado com o objetivo de consciencializar os parceiros para a elaboração de menus mais sustentáveis, tendo em conta a utilização de produtos sazonais, a sua variedade e quantidade, ou o “Embrulha”. que disponibiliza, de forma gratuita, embalagens biodegradáveis aos restaurantes para que os clientes possam levar as sobras das suas refeições. Estes dois projetos encontram-se implementados em cerca de 60 estabelecimentos da cidade.
Para além do sistema de recolha, uma forte aposta do município são as soluções de tratamento local de biorresíduos, tais como a compostagem caseira, tendo já sido entregues cerca de 2520 compostores.
Também a compostagem comunitária oferece inegáveis vantagens de redução de custos e de impactos ambientais associados a soluções de tratamento centralizado. Desde 2021 existem duas unidades em agrupamentos habitacionais que envolvem 136 participantes. A participação de todos permitiu obter cerca de cinco toneladas de composto orgânico 100% natural, distribuído pelos aderentes.
A expansão da recolha seletiva de resíduos orgânicos é, e continuará a ser, uma aposta estratégica da Porto Ambiente, fulcral para a promoção da economia circular e para alcançar a meta da neutralidade carbónica na cidade em 2030, em linha com os desafios do Pacto do Porto para o Clima. Aliás, a Comissão Europeia reconheceu recentemente os esforços da cidade, atribuindo ao Porto o Selo de Missão no âmbito da Missão da União Europeia para Cidades Inteligentes e Climaticamente Neutras.