COP26: Líderes mundiais prometem deter desflorestação até 2030
Os líderes mundiais vão comprometer-se esta terça-feira, 2 de novembro, na cimeira do clima das Nações Unidas – COP26 (26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas) – a deter a desflorestação até 2030 para combater as alterações climáticas. O anúncio foi partilhado num comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, refere a Agência Lusa.
Segundo a mesma nota, esta será uma declaração conjunta adotada por mais de cem países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.
De acordo com Boris Johnson, a iniciativa, que beneficiará de um financiamento público e privado de 19,2 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), é essencial para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial. “Esses formidáveis ecossistemas abundantes – essas catedrais da natureza – são os pulmões do nosso planeta”, estão no centro da vida de comunidades ao absorver uma grande parte do carbono libertado na atmosfera, diz Boris Johnson no seu discurso, de acordo com excertos divulgados pelo seu gabinete, citados pela agência de notícias.
Segundo a Lusa, Boris Johnson vai reforçar que as florestas “são essenciais à sobrevivência” da humanidade, mas estão a recuar ao “ritmo alarmante” de 27 estádios de futebol por minuto.
Com o compromisso, que está a ser classificado como “sem precedentes” e que pretende nomeadamente restaurar terras degradadas, combater incêndios e apoiar as comunidades indígenas, os países terão, para o chefe do governo britânico, “a oportunidade de terminar a longa história de uma humanidade conquistadora da natureza tornando-se antes guardiães”.
Entre os signatários do compromisso, estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.
Segundo o comunicado de Downing Street, ao qual a Lusa teve acesso, numa das sessões desta terça-feira da COP26, os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em atividades ligadas à desflorestação.
Este novo compromisso, tal como indica a Lusa, faz eco da “Declaração de Nova Iorque sobre as florestas”, de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030. Mas, para organizações não-governamentais (ONG) como a Greenpeace, o objetivo de 2030 está demasiado distante no tempo e dá, assim, ‘luz verde’ a “mais uma década de desflorestação”. Carolina Pasquali, responsável da Greenpeace no Brasil, afirma que “os povos indígenas exigem que 80% da floresta amazónica seja protegida até 2025, e eles têm razão, é o que é preciso fazer”.
Embora saudando estes anúncios, Tuntiak Katan, da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia da Amazónia (Coica), indicou que a forma como as verbas alocadas a esse objetivo serão efetivamente gastas será monitorizada de perto.