COP26: Coligação global pede aos Governos que aumentem a utilização da bicicleta
A MUBi (Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta), em conjunto com uma coligação global de organizações, publicou uma carta aberta, apelando aos Governos participantes na COP26 em Glasgow para que se comprometam no aumento significativo do número de pessoas que usam a bicicleta nos seus países, de forma a alcançar rápida e eficazmente as metas climáticas.
“O mundo precisa de aumentar o uso da bicicleta como modo de transporte, em detrimento do automóvel particular, se quisermos combater as alterações climáticas. Sem uma acção mais rápida e determinada por parte dos governos em todo o mundo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, estaremos a condenar as gerações presentes e futuras a um mundo mais hostil e muito menos habitável”, lê-se num comunicado divulgado pela associação.
Num cenário em que as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar, a MUBI constata que a transição para automóveis e veículos pesados com zero emissões levará décadas até estar concluída e não resolverá muitos outros problemas da sociedade, como os congestionamentos de tráfego, a ineficiência do uso dos espaços urbanos e estilos de vida sedentários.
A MUBi, a European Cyclists’ Federation e todos os membros desta coligação global acreditam que a utilização da bicicleta representa uma das maiores esperanças da humanidade para uma mudança no sentido de um futuro sem carbono. Os signatários da carta aberta apelam, assim, aos governos e líderes presentes na COP26 para que declarem compromissos no sentido de aumentar significativamente os níveis de utilização de bicicleta nos seus países e se comprometam coletivamente a atingir uma meta global de níveis de utilização de bicicleta mais elevados. A carta foi enviada aos governos e aos ministros responsáveis pela mobilidade e transportes antes do início da COP26.
Em Portugal, a Estratégia Nacional para a Mobilidade Activa Ciclável (ENMAC) 2020-2030 tem por objetivos que a utilização da bicicleta como modo de transporte convirja com a média do resto da Europa e que, até 2030, pelo menos 10% das deslocações nas cidades portuguesas sejam feitas em bicicleta. A ENMAC 2020-2030 integra o Plano Nacional Energia e Clima 2030. Contudo, “passados mais de dois anos desde que foi publicada, continua sem recursos e ainda sem medidas calendarizadas e orçamentadas, e está em risco iminente de falhar as metas intercalares para 2025”, lamenta a MUBi. Desta forma, a associação defende que pelo menos 10% do orçamento total do Estado para o setor dos transportes seja destinado à mobilidade em bicicleta, permitindo a aceleração da implementação da ENMAC 2020-2030 e da prossecução dos seus objectivos, e outros 10% à mobilidade pedonal.
De acordo com Rui Igreja, dirigente da MUBi, “Portugal só poderá cumprir os acordos internacionais que assinou com uma transformação radical da cultura de mobilidade em Portugal. A administração central e autárquica têm a responsabilidade de evitar as piores consequências da emergência climática, com medidas concretas, orçamentadas e calendarizadas para transformar o espaço público das nossas cidades, de forma a ser atraente e seguro para os modos activos de mobilidade”.
Por seu turno, Henk Swarttouw, presidente da European Cyclists’ Federation e da World Cycling Alliance, refere que “a utilização da bicicleta deve ser um pilar das estratégias globais, nacionais e locais para atingir as metas de neutralidade carbónica. Na COP26, os governos devem comprometer-se a providenciar o financiamento e a legislação para um espaço seguro e equitativo para o uso da bicicleta em todos os lugares. Os cidadãos estão prontos para a mudança; os nossos líderes precisam agora de a habilitar.”
O “Dia dos Transportes” será assinalado na conferência COP26 no próximo dia 10 de novembro e vai centrar-se exclusivamente na eletrificação dos veículos rodoviários como solução para a crise climática. Assim,