O Dia de Ação para a Água, criado pela Agência Global de Ação para o Clima, foi organizado pela primeira vez na história da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP). Tem o objetivo de chamar a atenção para esta vertente como uma das soluções para a implementação do Acordo de Paris. Neste âmbito, vai ser lançado um livro com orientações e recomendações sobre gestão da água.
Os países identificaram a água como um elemento chave para a adaptação em 93% das suas Contribuições Nacionalmente Determinadas para o Quadro da UNFCCC. Isto porque é fundamental para a segurança alimentar, a saúde humana, a produção de energia, a produtividade industrial, a biodiversidade, além das necessidades básicas humanas e da sua disponibilidade, garantir a segurança da água significa assegurar a segurança em todos estes domínios.
Além disso, a água é crítica para a mitigação bem sucedida das mudanças climáticas, já que muitos dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa dependem de acessos fiáveis aos recursos hídricos. A abordagem sistemática destes desafios é, portanto, fundamental para a adaptação às mudanças climáticas e para reduzir os impactos negativos dos desastres relacionados com a água.
Nesse âmbito, o “Livro Azul sobre a Água e o Clima” vai ser lançado pelo Governo Marroquino e pelos seus parceiros, como um resultado concreto da Conferência Internacional sobre Água e Clima, realizada em Rabat em julho de 2016, em cooperação com o Governo de França e o Conselho Mundial da Água. A publicação reúne as orientações e as recomendações trazidas pela comunidade internacional para apoiar a implementação dos compromissos climáticos e propor uma variedade desoluções concretas e aplicáveis, relacionadas com a adaptação e resiliência através da gestão da água.
“Tal está perfeitamente alinhado com a COP22, que se esforça para ser a COP da ação!”, afirmou Charafat Afilal, a ministra delegada responsável pela água de Marrocos. “Necessitamos de compreender o que está em jogo, já que a insegurança da água leva ao aumento de conflitos, tensões entre as populações e provoca também uma migração que ameaça a estabilidade global”.
A justiça climática é também uma prioridade do Dia de Ação da Água, tal como evidenciado pelo lançamento da iniciativa “Água para África”, criada pelo Reino de Marrocos e apoiada pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Esta visa contribuir com mais justiça para a África, através da adoção de um plano de ação específico, que mobilizará diferentes parceiros políticos, financeiros e institucionais internacionais, de modo a melhorar os serviços e a gestão da água e do saneamento em África, junto dos países mais afetados pelas alterações climáticas.
“Enquanto a humanidade experimenta um crescente stress demográfico e socioeconómico, os recentes episódios de clima extremo em todo o mundo trazem complexidades adicionais na busca de soluções para reduzir estas tensões. A água é um dos recursos mais afetados, mas também fornece soluções para estes desafios “, destacou Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água.
Além disso, as três alianças para bacias, megacidades e empresas, criadas na COP21 em Paris e fortemente empenhadas na ação hídrica e climática, que hoje representam mais de 450 organizações em todo o mundo, assinaram um compromisso comum, em conjunto com os seus parceiros, para mobilizar, identificar e disseminar boas práticas e apoiar o desenvolvimento de novos projetos, por parte de atores no terreno, envolvidos na adaptação e resiliência do setor da água.