Envolver a comunidade em projetos de sustentabilidade, reforçar a aposta em alternativas renováveis e promover uma maior eficiência energética são alguns dos principais objetivos da Coopérnico, a primeira cooperativa portuguesa apostada em promover o uso de energias renováveis.
“A Coopérnico surgiu da necessidade sentida por alguns cidadãos de poderem investir as suas poupanças de forma ética e responsável, em projetos de energias renováveis. Após a análise de várias possibilidades, o modelo de cooperativa foi o que nos pareceu mais interessante. Este modelo é também já muito comum em vários países europeus e com ótimos resultados em termos de promover o envolvimento dos cidadãos na construção de um mundo sustentável”, explica Susana Fonseca, membro da direção da Coopérnico.
Tendo por base um investimento direto nos diversos projetos e não uma campanha de crowdfunding, esta cooperativa fundada por 16 membros em novembro de 2013, tem portas abertas para qualquer potencial investidor. Para isso, cada pessoa que se queira associar a este projeto terá de “adquirir três títulos de capital social da Coopérnico, o que corresponde a um investimento de 60€”. Posteriormente, cada membro tem duas hipóteses. Pode ser um mero cliente ou pode mesmo investir em projetos de energia solar, sendo o investimento mínimo 250 euros.
A cooperativa, que neste ponto, já tem 9 projetos de energia fotovoltaica totalmente financiados e no ativo pretende “crescer em termos de número de projetos de produção de energia a partir de fontes renováveis”, com vista ao alargamento do seu portefólio. A par disso, a Coopérnico quer construir “condições que lhe permitam tornar-se um comercializador de energia, evoluindo da solução atual, em que os nossos membros que são também clientes na área da eletricidade, recebem a sua energia através da parceria estabelecida com a Enforcesco”.
Além disso, os responsáveis gostariam de “tornar a Coopérnico num stakeholder reconhecido no setor da energia, tendo como objetivo promover ao nível das políticas públicas nacionais e locais uma maior interação e participação dos cidadãos na definição e concretização do modelo energético”.
Numa época de mudança relativamente ao paradigma energético, Susana Fonseca perspetiva um futuro onde essa transição energética será inevitável ao nosso consumo. “Um maior aproveitamento das fontes de energia renováveis, seja para a produção de eletricidade, seja para o aquecimento de águas, seja para o aquecimento e arrefecimento de edifícios, deve ser explorado ao máximo e plenamente apoiado em termos de políticas públicas. A promoção do autoconsumo, bem como a sensibilização dos cidadãos para um uso mais eficiente da energia pode e deve ser uma medida importante para reduzir o impacto negativo do setor energético num conjunto alargado de indicadores ambientais”.
Na opinião de Susana Branco, a eletrificação de alguns setores da sociedade, como o caso dos transportes pode desempenhar um papel nesta mudança. “Uma aposta na suficiência, no uso eficiente da energia e na promoção da produção de energia a partir de fontes renováveis, será um trio importante para garantir a transição energética para um novo paradigma”, conclui.
*Este artigo foi publicado na Ambiente Magazine 75.