Esta é uma das conclusões do mais recente estudo da APE (Associação Portuguesa da Energia), desenvolvido em conjunto com a Accenture, “Energia: Olhar do Consumidor”, e que foi apresentado esta quinta feira no âmbito da Portugal Energy Conferece, em Lisboa.
Esta investigação foi desenvolvida tendo em conta a aumento global nos preços de eletricidade nos últimos anos, causado pela crise energética despoletada pela pandemia e pelo contexto geopolítico (invasão russa à Ucrânia). Foi feito em mais de 20 países, oito deles na Europa, dos quais Portugal.
Considerando que o atual consumidor de energia tem acesso a mais informação e tem mais know-how, e por isso mais capacidade de decisão, a relação entre consumidor e o fornecedor tem-se reinventado e é importante este último acompanhar a tendência.
No caso português, em concreto, foram realizados 800 inquéritos telefónicos a diversos perfis, e concluiu-se que o consumidor valoriza mais o papel das pessoas do que o das empresas na transição energética, sendo que 93% demonstra preocupação com o futuro do planeta, 19% acima da média europeia.
O cliente de energia também valoriza sobretudo as ajudas do seu fornecedor para conseguir poupar na fatura, algo que não acontece tanto a nível europeu. Em Portugal, isto poderá suceder-se devido à fiabilidade das redes de abastecimento de energia.
Além disso, o consumidor português continua a preferir como canal de comunicação com o seu fornecedor o balcão de atendimento físico (o dobro da média europeia), visto que 45% não utiliza nenhum canal self-service. Mesmo assim, de forma geral, os canais mais utilizados são o e-mail e o telefone.
Apesar de 91% dos consumidores portugueses estarem preocupados com a transição energética, apenas 39% está realmente disponível para pagar mais por isso, sendo as pessoas com menores rendimentos a mostrarem mais vontade para tal. Neste caso, as gerações mais novas revelam-se as mais recetivas a pagar custos adicionais.
Ainda em relação a custos, os consumidores esperam contrapartidas para fazer face a valores adicionais, além de ainda não optarem por equipamentos mais dispendiosos para atingir uma maior eficiência energética, como painéis solares.
Neste ramo de aquisição de produtos, curiosamente, o veículo elétrico é o terceiro produto menos requerido pelos portugueses para rumarem à transição energética, podendo isto estar associado aos custos que a aquisição deste veículo requere e à atual infraestrutura de carregamento.
Desta forma, o estudo concluiu que a decisão de compra é maioritariamente influenciada pelos custos e não tanto pelas questões ambientais e de sustentabilidade. No entanto, a primeira fonte de informação sobre serviços de energia continua a ser junto do fornecedor, seguindo-se os motores de busca.
A Portugal Energy Conference foi organizada pela APE e decorreu no Centro Cultural de Belém, com a participação de diferentes players do setor energético.