Passados dois anos disruptivos com impactos profundos no comportamento dos consumidores, marcados pela extensão do mundo digital às esferas pessoal e profissional, “2022 promete o regresso da tão aguardada experiência em retalho físico”. Mas também se espera mais e melhor no que toca às práticas sustentáveis das marcas. Esta análise faz parte da segunda parte da 3.ª edição do estudo “Conhecer os desafios ajuda a encontrar o caminho?”, desenvolvido pela EY.
O relatório, citado pela EY num comunicado, indica que “os consumidores estão a evitar gastar em produtos e experiências desnecessárias, procurando soluções mais circulares (aluguer, subscrição ou revenda) e melhores para o planeta”. Além disso, os consumidores querem sentir controlo em todos os aspetos da sua vida, exigindo das marcas “maior transparência, clareza e flexibilidade” para poderem tomar decisões de compra mais informadas. “Cada vez mais, as marcas são menos importantes no processo de decisão de compra (49% para os Millennials e 47% para a Geração Z) e, nesse sentido, estas terão de trabalhar arduamente para ganharem a confiança dos consumidores, equilibrando credibilidade (da informação) e autenticidade (na missão)”, lê-se na análise da EY.
Na indústria da moda, por exemplo, nota-se uma mudança no mindset dos consumidores, estando estes mais sensíveis a opções circulares, como o aluguer de roupa, os marketplaces de revenda ou as lojas em segunda mão. De igual modo, depois de um largo período de confinamento, “os consumidores estão desejosos de voltar ao retalho físico à procura de momentos de alegria e prazer”, indicam os especialistas da EY. Contudo, querem sentir-se especiais e esperam das marcas maior proximidade e atenção às suas necessidades e desejos. Para tal, “as marcas terão de apostar na criação de experiências mais interativas, significativas e com impacto” e assistiremos “a um aumento de marcas a dissociarem-se do conceito de “Black Friday”, optando por alternativas social e ambientalmente mais responsáveis como o #GivingTuesday, #GreenDay ou #GreenWeeks ou #BuyNothingDay”.
A EY considera, assim, que temas como a privacidade e os regulamentos de dados do cliente, a concorrência crescente, a mudança das expectativas dos clientes e os desafios induzidos pela pandemia estão no topo da agenda dos líderes de marketing para 2022.
As prioridades e os desafios vão passar pela construção de infraestruturas de dados inteligentes, pelo desenho de uma experiência centrada em pessoas, pela conquista dos clientes com base na autenticidade, pela mudança para uma mentalidade mais colaborativa, pela construção de organizações ágeis e inteligentes, e pela ideia de que o propósito é o novo crescimento sustentável.
[blockquote style=”1″]Desafios na banca, na construção e na mobilidade[/blockquote]
O Cliente, o Clima e a Sustentabilidade e os ativos digitais são as três áreas mais importantes em que o setor da banca se deve focar, segundo a mesma análise. Ao mesmo tempo que os clientes querem cada vez mais uma experiência inteligente que integre todos os seus serviços financeiros (e não financeiros) entre os seus vários bancos, estão também cada vez mais atentos ao impacto, como parte das suas estratégias de investimento ao nível dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance). O inquérito da EY às PME, incluído no relatório, mostra que quase 60% destas estão interessadas em que o seu banco as ajude a desenvolver modelos empresariais sustentáveis, e que 20% estariam dispostas a pagar uma taxa por este serviço.
Em análise ao setor da construção e obras públicas, a EY considera que a falta de talento, a transformação digital, a sustentabilidade e a pressão sobre os preços são dificuldades com que o setor se depara. Em termos de atividade futura, o estudo da EY perspetiva crescimento acelerado para o ano de 2022 e seguintes, alicerçado na vertente edificável, em face da consolidada competitividade do residencial, logístico e escritórios à escala internacional, e também nos projetos de infraestruturas induzidas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e Plano Nacional de Investimentos (PNI).
No setor da mobilidade, a EY verifica que a pandemia trouxe ainda mais disrupção, com mudanças nos comportamentos em resultado da quebra da confiança social, preferência por meios de transporte de ocupação única, e maior abertura para partilhar dados pessoais. “A continuação, ou não, destes comportamentos, num período em que se espera o “aliviar” da pandemia, é uma das principais incertezas para 2022”, refere o relatório, citado pela EY num comunicado.
Os especialistas da EY identificam e detalham na análise quatro principais desafios com que o ecossistema de mobilidade nos grandes centros urbanos em Portugal poderá ter de lidar em 2022 e nos anos seguintes: a gestão do tráfego urbano, a acessibilidade dos transportes públicos, a otimização das infraestruturas energéticas e redes de transporte, e a mobilidade alternativa.