Constrangimentos financeiros e falta de conhecimentos atrasam envolvimento de europeus na transição energética
As questões energéticas parecem dividir os cidadãos da União Europeia, pois cerca de 60% participam já, de forma ativa, na transição energética, mas os restantes estão a ser negligenciados. Este facto é revelado por um inquérito supranacional efetuado em toda a UE, no âmbito do projeto de investigação GRETA (Green Energy Transition Actions) do programa Horizonte 2020.
Com base na investigação, envolvendo cerca de 10 mil participantes de 16 países da UE, foram identificados oito perfis distintos entre os cidadãos, com base nas suas atitudes e comportamentos relativos à transição energética: indiferentes; céticos; condicionados; imaturos; motivados; altos investidores; decididos; conhecedores.
Os ativos ou empenhados participam na transição energética, por exemplo, através de poupanças básicas na sua atividade diária, investindo em tecnologias de energia verde, ou manifestando-se por soluções mais verdes. Por exemplo, um em cada cinco cidadãos pode ser descrito como decidido e conhecedor, um grupo disponível para experimentar novas tecnologias energéticas.
No entanto, as oportunidades de participação não são iguais para todos. Cerca de 40% dos cidadãos podem ser classificados como indiferentes, céticos, condicionados ou imaturos porque têm consciência das questões energéticas, mas delegam na ciência a tarefa de as resolver – podem ter interesse na poupança de energia, mas não possuem recursos para investirem por si mesmos.
Assim, os maiores entraves ao envolvimento dos cidadãos são os constrangimentos financeiros, a falta de conhecimentos e a atitude individualista de que “não vale a pena”. Muitas pessoas continuam a considerar que compete aos respetivos governos a tarefa de liderarem políticas relativas a eficiência e conservação energéticas.
Dos 16 países estudados, Portugal é o que apresenta mais entusiastas pela transição energética – cerca de 50% da população. É também o país com menos indiferentes, aqueles sem qualquer tipo de preocupação com as questões do clima. Em comparação, as maiores taxas de indiferentes, céticos e sem disponibilidade para ações relativas ao clima, encontram-se na Dinamarca (30%), Alemanha (26%) e Chéquia (26%).