O 17.º Congresso da Água organizou a sessão plenária “Ação rumo à sustentabilidade”, onde diferentes entidades falaram de alguns desafios que têm enfrentado e o que é preciso mudar com urgência.
Paulo Reis da Câmara Municipal do Lagos, local que acolhe o evento, começou por dizer que “só com o uso eficaz da água poderemos atingir a sustentabilidade” e que as medidas que têm sido adotadas garantem o futuro, além de soluções maiores como a dessalinizadora que está a ser construída na região algarvia. Por exemplo, em Lagos, estão a ser investidos sete milhões de euros em ApR (água para reutilização).
Além disso, o autarca defendeu que “é preciso conhecer as infraestruturas e reintegrá-las na solução” e também sensibilizar os consumidores para os seus hábitos em relação ao uso da água.
Mesmo assim, ainda há o problema da falta de mão-de-obra no Algarve, causado pela falta de habitação para fixar novas pessoas.
Desta questão partilhou Carlos Carmo do Município de Loulé, frisando a importância dos técnicos operacionais para conseguir diminuir as perdas de água e otimizar a gestão. O orador mostrou-se ainda defensor dos Serviços Municipalizados, realidade que ainda não foi possível implementar na sua autarquia, pois estes “facilitam o planeamento e a operação”.
Por sua vez, Paulo Marques, presidente da Esposende Ambiente, afirmou que “não conseguimos competir com os privados e reter talento”, porque a margem salarial das entidades municipais não consegue igualar outras ofertas. Esta preocupação estende-se nas áreas de engenharia informática, mas também nos “bons operacionais”, como canalizadores e jardineiros.
Já Pedro Coelho da APA (Agência Portuguesa do Ambiente) mencionou a importância de reavaliar a Lei da Água e a necessidade de “ter mais instrumentos de eficiência hídrica”. No que diz respeito à solução da dessalinizadora do Algarve, o próprio admitiu que fará com que seja preciso reabilitar as redes da região.
Sobre os recursos humanos, a APA sente igualmente necessidade de reforçar os seus quadros.
Por fim, Silvério Guerreiro da Ordem dos Engenheiros – Região Sul, falou da proximidade da engenharia ao setor das águas para alavancar mais soluções que levem à resiliência hídrica, e pôs em cima da mesa a importância da “simbiose entre biodiversidade e ciência”. Além disso, relembrou que “a engenharia não pode só ser chamada em situações de crise”.
O Congresso da Água, organizado pela APRH (Associação Portuguesa de Recursos Hídricos) acontece de 8 a 11 de abril, no Hotel Vila Galé em Lagos, no Algarve, com a presença de mais de 400 participantes.