A Ambiente Magazine é media partner da Conferência “Água: Desafios do Futuro”, organizada pela APRH (Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos), nos dias 16,17 e 18 de maio, na Universidade do Algarve – Campus da Penha, em Faro.
Este evento começou a ser desenhado no 16.º Congresso da Água, em março de 2023, devido à “necessidade de promover uma discussão alargada, mobilizando especialistas e decisores”, começou por dizer Jorge Cardoso Gonçalves, presidente da APRH. “A poluição, o aumento da procura de água e o uso intensivo têm afetado significativamente as massas de água. Têm-se sucedido catástrofes naturais relacionadas com água – cheias, tempestades, secas, deslizamentos e ondas. Os surtos de doenças e a escassez de água, com particular incidência em determinadas partes do globo, condicionam a liberdade, a justiça e o equilíbrio global”, enumerou o responsável.
A localização do evento, em Faro, “emergiu naturalmente”, porque debater o futuro da água está “ligado de forma intrínseca com os desafios climáticos e com a distribuição assimétrica dos recursos hídricos”. Na região do Algarve, os estudos demonstram 9 a 10 anos consecutivos com precipitação inferior ao normal, com as albufeiras frequentemente com níveis abaixo da sua capacidade máxima e com níveis de água subterrânea baixos.
“Os principais desafios da gestão da água são essencialmente de governança, mais do que técnicos, económicos, legais ou outros. Neste ponto, realço a importância crescente de ter políticas públicas adequadas quer para os recursos hídricos, quer para os usos setoriais desses recursos”, afirma Jorge Cardoso Gonçalves.
“O futuro da gestão da água na região sul, que não poderá ser esquecida, passa por estudar, planear e executar”
E em relação aos cortes no consumo hídrico em vários setores de atividade, como a agricultura e o turismo, o representante da APRH diz que “o uso da água é um processo de conciliação de escassez entre utilizadores” e que a “negociação da água terá de ser supra-setorial, com autoridade nacional e cooperação internacional”.
Assim, neste conferência serão debatidas, em sessões plenários, políticas locais e governança, novas origens, água e território, e inovação tecnológica. Nas sessões técnicas serão apresentados mais de 60 trabalhos, enquadrados nos seguintes temas: eficiência hídrica e novas origens; água, território e agricultura; ciclo urbano da água; inovação tecnológica no domínio da água; qualidade da água; zonas costeiras.
Além de representantes dos principais utilizadores de água (agricultura, urbano, turismo) também estarão representadas as instituições com responsabilidade pela implementação das políticas públicas, a academia, com a participação de docentes, investigadores e estudantes dos vários ciclos de estudos), entidades privadas e outros stakeholders com interesse nos temas tratados.
“Estamos convictos que da discussão surgirão novas ideias aliadas à reflexão partilhada sobre os problemas, resultando impulsos de inovação para se enfrentar o futuro com mais recursos e confiança”, afirmam Carla Rolo Antunes, presidente da Comissão Organizadora, e José Manuel Gonçalves, presidente da Comissão Científica, que perspetivam uma “forte adesão” ao evento.
“A marcação para maio de 2024 teve em consideração ser um período favorável à forte participação de estudantes e jovens de todo o país, que fortaleça a dinâmica deste encontro de técnicos, investigadores e partes interessadas para, em conjunto, ajudar a criar uma cultura da água intergeracional de maior conhecimento, resiliência e cooperação”, dizem ainda os responsáveis.
No que diz respeito a mais ações deste género, Jorge Cardoso Gonçalves garante a continuidade de eventos nacionais (17º Congresso da Água – 2025 e ações dos Núcleos Regionais e das Comissões Especializadas) e de eventos internacionais (SILUBESA – Simpósio Luso- Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental – agosto de 2024 e SILUSBA – Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Portuguesa – novembro de 2024).
A par disto, decorrerá o 2.º Encontro Nacional de Especialistas e Decisores (previsto para novembro de 2024), o Encontro Ibérico da Água (previsto para dezembro de 2024) e o Ciclo de Conferências das Regiões Hidrográficas (com a sua primeira edição em outubro e que se prevê que aconteça até 2026).
Neste preciso momento, decorrem a Academia da Água e o Ciclo de Conferências “Há Engenharia na Água”.