“Na madrugada de 9 de fevereiro fui à comunidade de Wachapea assistir a um parto; quando regressei senti um cheiro intenso e, ao cruzar o rio, vi que estava coberto de petróleo”. Há 15 anos que Isabel Cabanillas é diretora do posto médico de Chiriaco, na Amazónia peruana. Foi com estas palavras que descreveu aquilo que já se temia desde 25 de janeiro. De acordo com o Expresso, nesse dia, o Oleoduto Norperuano teve uma fissura ao quilómetro 441, derramando o equivalente a 2500 barris de crude. A mancha poluidora ultrapassou as barreiras de contenção e atingiu o Chiriaco, rio que termina no Maranhão, importante afluente do Amazonas.
Ao longo do Chiriaco existem diversos territórios de awajunes, nativos da família linguística dos jivaros. A comunidade Wachapea pertence a esta etnia, assim como outras cinco mais diretamente afetadas pelo desastre.
Como se não bastasse, apenas oito dias depois registou-se uma nova fissura no mesmo oleoduto, desta vez a 240 quilómetros de distância, na região de Morona, onde habitam os achuares, em pleno coração da floresta. Ao todo, foi derramado o equivalente a mil barris e mais de 20 comunidades de nativos foram afetadas.