Vai-se realizar no próximo dia 19 de janeiro, pelas 16h00 horas (hora portuguesa), na Barragem de Saucelle — fronteira de Portugal com Espanha –, em Freixo de Espada à Cinta, uma Concentração Ibérica Antinuclear que juntará ativistas ambientais dos dois países. Esta concentração é organizada conjuntamente pela Plataforma espanhola Stop Urânio de Salamanca e as associações portuguesas Quercus e AZU, tendo o apoio do Movimento Ibérico Antinuclear, da Coordenadora “No a la Mina de Urânio” e da ATMU. O objetivo principal da iniciativa é sensibilizar da opinião pública para os perigos que representa a abertura dos projetos de exploração de urânio na região de Salamanca.
Agora que 21 anos passam desde o desastre de Aznalcóllar, é importante recordar que o desenvolvimento de projetos de mineração de urânio a céu aberto do outro lado da fronteira pode representar um tremendo risco para a vida do rio Douro e dos seus habitantes. Apenas com o funcionamento normal das instalações projetadas para Retortillo, Salamanca (mina de urânio e fábrica de concentrados), o rio Yeltes, afluente do rio Douro, ficaria extremamente contaminado, segundo um estudo encomendado pela WWF a dois cientistas da Universidade de Castilla La Mancha.
No caso deste projeto avançar, Portugal também seria impactado com a poeira radioativa e o gás radão emitidos pelas minas de urânio que a Berkeley Minera planeia abrir em Retortilo, Salamanca. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, o projeto de exploração mineira de urânio em Retortillo é “suscetível de ter efeitos ambientais significativos em Portugal”, pela proximidade com a fronteira, e tendo em “atenção a direção dos ventos” de Este e Nordeste.
Mais uma vez, e apesar de ser óbvio que Portugal sofreria as consequências de uma potencial exploração mineira de urânio em Salamanca, as administrações espanholas não consultaram o país vizinho, nem submeteram a consulta pública transfronteiriça os distintos projetos de mineração de urânio em Salamanca, ignorando assim os tratados assinados entre os dois países. A organização conjunta desta Concentração Ibérica pretende, por isso, dar a conhecer à opinião pública portuguesa e espanhola a problemática e os perigos que implica a instalação de minas de urânio e uma fábrica de concentrado no Campo Charro de Salamanca.
As três associações defendem que é necessário que o processo de licenciamento das minas de urânio na zona de Salamanca seja suspenso de imediato e que o Governo Espanhol encare a questão com seriedade e não autorize definitivamente a exploração de urânio nesta região.
O programa da iniciativa
Os ativistas ambientais ibéricos irão concentrar-se às 16h00 do sábado, na Barragem de Saucelle, em Freixo de Espada à Cinta na, formando um cordão humano que ligará as duas margens do rio Douro, em sinal de defesa desde importante recurso. No caminho para Freixo de Espada à Cinta, a comitiva portuguesa irá fazer uma paragem na zona de Retortillo, onde os trabalhos de preparação do projecto avançaram com mais vigor.
Durante a tarde, a partir das 16h00, na Barragem de Saucelle, as três associações e todas as outras organizações e cidadãos que se queiram juntar, divulgarão os perigos que ameaçam Portugal e Espanha, no caso de se confirmar a abertura das instalações radioativas em Salamanca, e serão distribuídos folhetos informativos a todos os que circularem no local. No final da iniciativa, cerca das 17h00, será realizada uma conferência de imprensa pelas associações organizadoras.