Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, esteve hoje na sessão inaugural da Portugal Smart Cities Summit by Green Business Week, que começou hoje e termina dia 13, sexta-feira, no Centro de Congressos de Lisboa. Para o autarca, o conceito de Smart City, ou cidade inteligente, “apela sobretudo às necessidades e questões que são colocadas, do ponto de vista da qualidade de vida e da própria sobrevivência da espécie humana”. Mais do que apenas a dimensão tecnológica deste conceito, Fernando Medina quis frisar que se trata de uma cidade que se adapta à mudança, “que se prepara para ser resiliente na capacidade de se perpetuar, de se manter enquanto um ecossistema vivo, capaz de propiciar emprego, rendimento e qualidade de vida a uma percentagem muito significativa da população”. Ou seja, “o que é importante é a inovação na forma como nós resolvemos as necessidades”.
O presidente do município de Lisboa recordou o exemplo da bicicleta partilhada, um dos mais associados ao conceito de Smart City hoje em dia mas que, no fundo, não representa nada de novo, apenas a aplicação de uma tecnologia de mobilidade que hoje está a redescobrir o seu papel nas cidades. O responsável falou da experiência no terreno e adiantou que no caso de Lisboa, quando o projeto das bicicletas partilhadas arrancou, muitos diziam não fazer sentido, por se tratar de uma cidade com colinas. Mas a tecnologia deu uma ajuda: surgiu a bicicleta elétrica. O que a capital tem hoje para mostrar de uma fase ainda piloto do sistema é que, em poucos meses, conta já com mais de cinco mil assinaturas ativas e uma média de utilização diária de cerca de 1500, das quais 1000 utilizações em hora de ponta. “Colocou-se uma solução inovadora para um problema concreto”, sublinha.
Outro exemplo apontado por Fernando Medina foi a integração do sistema de ocorrências e desvios de trânsito da Câmara de Lisboa com o Waze e o Google Maps, que permite que o utilizador possa escolher alternativas de trajetos no caso de uma obra municipal ou de algum outro problema de trânsito. “É um exemplo simples de satisfação da necessidade de mobilidade”, explica. Assim como o projeto que a cidade tem hoje da bilhética desmaterializada, no qual a tecnologia teve de facto um papel muito relevante, selecionando os meios de transporte mais eficazes para deslocações e proporcionando a escolha mais eficaz dos tarifários.
“Estou-vos a falar de projetos concretos, uns com mais base tecnológica do que outros, uns com mais intensidade de utilização da tecnologia, mas todos eles têm uma matriz por trás: são eficazes, são bem-sucedidos, respondem a necessidades concretas das pessoas, mais do que serem em si mesmo demonstrações mais ou menos espantosas das tecnologias e das possibilidades que a tecnologia hoje nos propicia”, refere Fernando Medina.
O presidente da autarquia fez questão de salientar ainda o que está a ser feito em matéria de aproveitamento de água. “É possível criar em Lisboa uma rede complementar à rede de saneamento que faça uma água reutilizável que permita fazer a limpeza das ruas e a rega de todos os espaços verdes”, começou por dizer, garantindo que se trata de um “avanço do ponto de vista das políticas ambientais”. O objetivo da Câmara Municipal de Lisboa é chegar ao final deste mandato com esta rede expandida a toda a cidade, com marcos de água aos quais todos os sistemas de limpeza urbana e rega da cidade estarão ligados para poder utilizar água que é filtrada de uma forma diferente e que corresponde a um grande avanço do ponto de vista da poupana de recursos”.
Fernando Medina terminou a sua intervenção sublinhando que “no conceito de smart cities não há grandes nem pequenas, não há cidades globais, nem cidades abandonadas. A inovação surge em todos os lugares”. E, aliás, surge muitas vezes nos locais mais inesperados pois resulta da necessidade de resolver um problema concreto.