Comunidade Women in ESG Portugal acredita que a mudança para a sustentabilidade efetiva “começa nas pessoas”
De origem cívica e de promoção da diversidade de género, enquanto implementa uma cultura ESG. É este o mote da “Women in ESG Portugal” (WIESGPT), um projeto de três mulheres que quer ser abrangente e envolver a sociedade. À Ambiente Magazine, Alice Khouri, Filipa Pantaleão e Rita Rendeiro, fundadoras do projeto, referem que a “comunidade multidisciplinar” está aberta a todos os que “acreditem na igualdade de género como um vetor essencial da sustentabilidade efetiva (económica, ambiental, social e de governança)”.
Mas o que é a “Women in ESG Portugal”?
“É uma iniciativa cívica que visa, por meio de valores como a igualdade de género e capacitação técnica, criar uma comunidade multidisciplinar que ajude Portugal a avançar na diversidade de género enquanto implementa uma cultura ESG de forma mais célere dentro das exigências comunitárias existentes”, referem as fundadoras. A ideia partiu das vivências das três mulheres que perceberam que “ainda há um gap de desigualdade entre homens e mulheres, sobretudo no mundo corporativo/empresarial”, apesar das mulheres deterem “grande parte do conhecimento técnico e da experiência necessária para implementar os parâmetros ESG. Logo, mais que injusto, a prática desigual do mercado reflete também um comportamento ineficiente e prejudicial ao país”. Na sua génese, o movimento não contou com o apoio de nenhuma empresa ou instituição, mas as fundadoras esperam que “várias façam parte na consolidação da comunidade”.
Esta “prática desigual” vê-se pelo “maior desequilíbrio” num “mercado que valoriza mais, em termos de remuneração e posição estratégica ou decisória, o género masculino, e as qualidades que tradicionalmente lhe são atribuídas”. Citando dados do Índice da Igualdade de Género de 2021, promovido pelo Instituto Europeu de Igualdade de Género, Portugal “está abaixo da média europeia”, abaixo de países como França e Irlanda.
Por isso, o movimento defende medidas concretas para “inverter o bias atual e gerar maior confiança e mais perspetivas de carreira para as mulheres”, criando o cenário para potenciar “uma melhor distribuição dos géneros” em termos de “progressão, lugares executivos e remuneração” num curto espaço de tempo. Estas medidas passam pela aplicação da diretiva do Parlamento Europeu, em que, até 2026, “as empresas com capital aberto em Portugal deverão ter, no mínimo, 40% de seus administradores no total do género sub-representado (mulheres) ou 33% de seus administradores executivos com essa representatividade” e a “transparência dos dados que se exige principalmente no aspeto de Governance do ESG”. “Diversos estudos demonstram que perspetivas inclusivas levam a decisões empresariais com mais complementaridade e isso gera maior eficiência inclusive económica”, reforçam.
Além da defesa de medidas, o movimento acredita que, através da divulgação de conhecimento, “aliado ao valor da igualdade de género e consolidação das boas práticas”, é possível a mudança. Por isso, a WIESGPT promove ações, como um evento no próximo dia 02 de março, que envolverá encontros e talks que se traduzirão em “documentos com as conclusões e proposições sintetizadas para serem entregues ao Parlamento Europeu ou Assembleia Nacional conforme o tema”, e que serão gravados em podcast. Além disso, conta uma coluna de opinião quinzenal no jornal digital ECO e que “pode ser utilizada por qualquer mulher da lista que tenha interesse em descomplicar algum tema do ESG para a sociedade” e vários documentos e relatórios sobre igualdade de género. Desta forma, Alice Khouri, Filipa Pantaleão e Rita Rendeiro acreditam que a mudança para uma sustentabilidade efetiva “começa nas pessoas, de forma individual, e alcança as empresas e organismos públicos a nível institucional”.
Todos podem participar, sendo embaixadores da comunidade ou a participar na lista de mulheres que trabalhem ou tenham formação diretamente ligada a um aspeto ESG, sendo que podem-se inscrever no site oficial da comunidade em www.winesgpt.com.