A Aquila Clean Energy anuncia que vai construir e oferecer à freguesia de Cercal do Alentejo uma comunidade de energia renovável. Este projeto, que será implementado em conjunto com a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, vai permitir poupanças na fatura energética que podem chegar até 50% aos aderentes. Prevê-se que possam ser “abastecidas 400 casas, pequenos negócios e consumidores institucionais, como os bombeiros locais”, pode ler-se num comunicado.
O investimento que pode atingir os 2 milhões de euros, evidencia o compromisso da Aquila Clean Energy com a comunidade do Cercal do Alentejo e é uma das principais medidas do protocolo de investimento assinado com a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, associado à construção da Central Fotovoltaica do Cercal. Esta central, que vai produzir energia limpa suficiente para abastecer 141 mil casas, deverá começar a ser construída até ao final do ano, quando se prevê que esteja concluído o respetivo processo de licenciamento, refere o mesmo comunicado.
Ao abrigo deste protocolo, a Aquila Clean Energy compromete-se ainda a apoiar um conjunto diverso de associações locais de Cercal do Alentejo, que será definido em conjunto com o Município.
A Central Fotovoltaica de Cercal do Alentejo, que terá uma capacidade instalada estimada de 275 MW, será o maior projeto da Aquila Clean Energy em Portugal: “É um projeto que desde o início tem sido adaptado e melhorado para refletir os contributos provenientes da fase de consulta pública, e que aumenta os benefícios desta central no ambiente e território do Cercal”, afirma a plataforma.
Entre as alterações ao projeto inicial, a Aquila Clean Energy aumentou a distância mínima dos módulos solares em relação às casas existentes no local em pelo menos cinco vezes, para 250 metros (em alguns casos, para 500 metros). Como parte das medidas para promover a maior integração da central com o meio ambiente, será criada uma cortina verde em torno da área do projeto e também no seu interior, com árvores e arbustos autóctones, que irá resultar num aumento de 6 mil árvores no local, como parte do Plano de Integração Paisagística, definido da Declaração de Impacto Ambiental.
Segundo a Aquila Clean Energy, a nova configuração da central permite a coexistência entre atividades agrícolas, agentes polinizadores e pastoreio de ovinos na área do projeto. A impermeabilização dos solos na área da central vai ser muito reduzida, já que o uso de cimento será minimizado e a distância entre as filas de módulos solares irá permitir que a chuva caia diretamente no terreno.
“Os passos que têm sido dados no projeto do Cercal são uma prova clara do nosso compromisso de querer contribuir para o desenvolvimento sustentado do território e da comunidade onde a central irá estar instalada”, afirma Manuel Silva, Diretor de Desenvolvimento e Construção da Aquila Clean Energy em Portugal, acrescentando que “depois de ouvirmos a população e as associações locais, reformulámos o projeto e implementámos um conjunto de iniciativas ambiciosas, que estão em curso, e que vão beneficiar não só este projeto como gerar conhecimento para a comunidade científica nacional”.
Dois projetos em curso
Como parte desta estratégia integrada, e com o objetivo de criar conhecimento científico na academia portuguesa e definir as soluções mais adequadas para implementar no terreno, a Aquila Clean Energy adianta, ainda, que tem em desenvolvimento dois projetos de investigação com universidades portuguesas.
Um desses projetos está a ser desenvolvido com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, para proceder ao estudo prévio dos efeitos da central na biodiversidade do território, ou seja, “caracterizar em detalhe a qualidade do solo, a riqueza específica do local em termos de fauna e flora e também os microclimas locais”. Ao mesmo tempo, “será monitorizada, por esta equipa, a temperatura na área da central, o que vai ocorrer antes, durante e após a sua implantação”, refere o comunicado.
O outro projeto resulta de uma parceria com a cátedra de Energias Renováveis da Universidade de Évora, que está a desenvolver um projeto-piloto de agrivoltaico, com o objetivo de “identificar as melhores práticas agrícolas e espécies a cultivar na área de implantação da central, entre os painéis solares, mas também nas áreas envolventes não utilizadas, de forma a permitir uma conciliação entre a produção de energia e as práticas agrícolas na área da central”.