COMPOSTALENTEJO: o composto da Resialentejo produzido a partir da fração orgânica de 95% de resíduos urbanos

Se procura um composto para culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente pomares, olivais e vinhas, e espécies silvícolas, a Resialentejo produz a solução. O COMPOSTALENTEJO é um composto feito a partir da fração orgânica de 95% de resíduos urbanos provenientes da recolha indiferenciada. A este adiciona-se 5% de material estruturante, correspondente a resíduos verdes provenientes de jardins.

Inês Brito, Resialentejo

Como explica Inês Brito, Técnica Superior de Ambiente na Direção Técnica da Resialentejo, este composto “melhora as propriedades físicas, químicas, biológicas e o incremento da supressividade do solo, permitindo a redução da utilização de fertilizantes químicos”. Outro aspeto fundamental passa por “possuir azoto, fundamentalmente na forma orgânica, o que permite a libertação para o solo de forma lenta e, consequentemente, um melhor aproveitamento”.

O resultado deste composto deve-se exatamente aos números “muito animadores” que a Resialentejo tem verificado, essencialmente na quantidade de biorresíduos recebidos e tratos. “Em 2021, recebemos e valorizámos cerca de 750 toneladas de biorresíduos, e em 2023 produzimos cerca de 3.400 toneladas de composto”. Para este ano, o objetivo é produzir 5.000 toneladas de composto e recolher ainda mais biorresíduos, sendo que até maio de 2024 foram recolhidas 1.615 toneladas.

E para suportar esta missão, recentemente a entidade desenvolveu a “Campanha de Educação e Sensibilização com vista à valorização dos biorresíduos – compostagem doméstica e comunitária”, que “pretende contribuir para o aumento da recolha seletiva de resíduos urbanos biodegradáveis, assim como promover a sua valorização através da compostagem doméstica ou comunitária, com recurso a uma comunicação eficaz, que conduza à mudança efetiva de comportamentos”, evidencia Inês Brito.

Foram realizados workshops práticos, em sete dos oito municípios que integram a Resialentejo (Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique e Serpa) e outras ações que visam, ainda, alertar a população para as problemáticas ambientais, destacando os princípios da gestão eficiente dos recursos, da prevenção da produção de resíduos e da valorização de frações, aparentemente sem valor. Esta candidatura teve como custo total elegível o montante de 328 485,00 euros, com uma contribuição do Fundo de Coesão de 288 714,23 euros.

Nesta candidatura, inclui-se ainda a aquisição de compostores comunitários para diferentes locais, a compra de quatro equipamentos de trituração alocar aos ecocentros, tendo em vista a trituração de resíduos verdes e o seu encaminhamento para a compostagem comunitária, e ainda a aquisição de uma viatura para transporte destes mesmos resíduos verdes triturados. A compostagem doméstica foi ainda reforça com 280 compostores.

“Com o contributo destas ações, foi possível angariar, em 2023, um total de 277 novas adesões à compostagem doméstica e comunitária, sendo que 179 se referem à compostagem doméstica”, afirma a técnica da Resialentejo.

O COMPOSTALENTEJO pode assim ser adquirido nas instalações da entidade, ficando o transporte à responsabilidade do cliente. Para dar início ao processo de aquisição será necessário enviar um e-mail para geral@resialentejo.pt, indicando a quantidade pretendida. Posteriormente, será enviada uma proposta com os valores para a aquisição do composto.

Como funciona o processo de produção do composto?

O processo de compostagem da Resialentejo é bastante simples, e utiliza a matéria orgânica proveniente dos Resíduos Indiferenciados e resíduos verdes como material estruturante para produzir composto. A compostagem é feita através de um sistema em pilha e meseta, passando depois por um processo de crivagem e afinação para obtenção do produto final.

O tempo total do processo de compostagem normalmente varia entre dois e quatro meses, dependendo de algumas variáveis como humidade, temperatura, qualidade da matéria orgânica, entre outros.

“É um produto compensador em termos de resultados e em contribuição para a reciclagem”

É o que afirma um dos clientes deste composto, a Ervideira. Duarte Leal da Costa, diretor executivo da empresa, confirma que usa o composto da Resialentejo há aproximadamente seis anos.

Duarte Leal da Costa, Ervideira

Como vantagens do seu uso aponta o aumento da fertilidade dos solos e a capacidade de retenção de água. “É fácil de verificar, pois aplicamos sempre carreira sim, carreira não. Os solos ficam mais «fofos», e existe uma resposta no ano seguinte em termos vegetativos”, explica.

“Em plantações novas, aplico cerca de 60 a 80 toneladas por hectare, e nos anos seguintes, cerca de 10 toneladas por hectare. Na verdade, no segundo ano tenho um tal vigor vegetativo (também associado a outras práticas agrícolas), que tenho sempre uma média de produção de seis toneladas por hectare e, no terceiro ano, já estamos a produzir 10 toneladas”.

Além disso, “existe alguma preocupação de sustentabilidade e estamos a aplicar resíduos de produtos que os outros consideram lixo, pelo que deste modo contribuímos para alguma circularidade de resíduos”, reflete Duarte Leal da Costa.

Desta forma, o diretor executivo da Ervideira frisa que “as instituições do Estado, assim como a Sociedade Ponto Verde, deveriam motivar muito mais a reciclagem e a reutilização, fator que todos temos de reforçar na nossa consciência”.

Resialentejo vai investir 11 milhões de euros até 2025

Em 2023, os indicadores foram positivos para a empresa. Na recolha seletiva multimaterial aumentou as recolhas seletivas em 6% face a 2022. Foram colocados à disposição da população mais 47 ecopontos e 120 equipamentos novos. Atualmente, existem no terreno 737 ilhas, sendo o rácio atual de 117 habitantes por ecoponto, comparando com os 136 kg por habitante, de 2020. Em relação às retomas de materiais recicláveis, verificou-se um aumento de 5,1%, face a 2022, tendo-se atingido uma capitação de 106 kg/habitante.

Com a entrada em funcionamento da nova unidade de tratamento de resíduos biodegradáveis, resultado de um investimento superior a um milhão de euros, foi possível reduzir a deposição em aterro em cerca de 46%, o que significou que só 36% dos resíduos não foram encaminhados para reciclagem.

Na compostagem, até à data, a Resialentejo já encaminhou cerca de 8.600 toneladas de composto, cujo destino foi essencialmente a vinha, olival e floresta. Este composto foi produzido a partir da matéria orgânica, recuperada do tratamento de mais de 124.048,00 toneladas de resíduos urbanos indiferenciados.

Durante este ano de 2024, e até 2025, a Resialentejo prevê um investimento de mais de 11 milhões de euros, que comprova o compromisso para com o cumprimento das metas ambientais definidas no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2030), e a ambição na promoção da sustentabilidade nas comunidades e territórios onde opera.