A Comissão Europeia subsidiou a fundo perdido um milhão de euros para o projeto Ponto Energia (ou BundleUp como é designado formalmente), um consórcio composto por oito empresas e organizações portuguesas para fomentar projetos de energia renovável e eficiência energética no país, refere um comunicado da GoParity, empresa que coordena o projeto.
Três anos depois, segundo a mesmo nota, a “iniciativa multiplicou por mais de 44 o investimento inicial (para 44,1M€), com 61 projetos concluídos”. Ao sucesso do primeiro projeto segue-se um segundo investimento da UE, também no valor de um “milhão de euros, ao que se juntam dois novos parceiros que vão permitir a abrangência nacional do projeto, a ADENE e a RNAE, num investimento potencial já identificado de mais 65 milhões de euros”, precisa o comunicado.
“Com o novo apoio da Comissão Europeia, o projeto vai ter continuidade por pelo menos mais três anos, e agora com maior ambição, com a ADENE e a RNAE a trazerem alcance nacional, incluindo ainda pelo menos um projeto de mobilidade elétrica e uma maior abrangência da economia social”, declara Manuel Nina, cofundador e CCO da GoParity.
O projeto prevê um investimento de pelo menos “15 milhões de euros em eficiência energética e energia renovável” e “mais de 50 milhões de euros de potenciais projetos já identificados no setor público, privado e social”, segundo o comunicado divulgado à imprensa.
O Ponto Energia é um projeto financiado em um milhão de euros pelo Horizonte2020, programa europeu para estimular a investigação e inovação, coordenado pela GoParity e promovido por um consórcio de oito entidades – Agência de Energia do Porto, Agência Municipal de Energia de Almada, Município de Cascais, Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, Energaia, Eupportunity, GoParity e SRS Advogados. Arrancou em 2018 com a missão de potenciar projetos públicos e privados de energia renovável e eficiência energética em Portugal, através da captação de investimento, capacitação para a escala e agilização dos processos burocráticos.
Desde o investimento inicial, o Ponto Energia já potenciou a “criação de 61 projetos de energia, nomeadamente de iluminação pública LED, energia solar para autoconsumo, painéis solares, eficiência energética em edifícios e sistemas de climatização eficientes, em mais de 20 cidades portuguesas (como Setúbal, Espinho, Almada, Porto, Lisboa e Faro), para entidades do setor da indústria, retalho, escolas, pavilhões desportivos, habitação social, IPSS e municípios”, que representam um investimento de €44.121.261, lê-se na mesma nota. Quase dois milhões de euros foram garantidos na plataforma de crowdlending para projetos de sustentabilidade GoParity, com recurso à sua comunidade de 11 mil investidores, o restante investimento alavancado pelo Ponto Energia foi proveniente de fundos públicos e capitais próprios dos interessados (públicos e privados).
De entre os parceiros, a maior fatia de investimento em eficiência energética foi realizada pela Agência de Energia do Porto, com 21 milhões de euros investidos em eficiência energética e autoconsumo em edifícios municipais, seguindo-se a AGENEAL (Agência de Energia de Almada), a Energaia, a ENA (a Agência de Energia da Arrábida), os projetos financiados em crowdfunding por empréstimo pela GoParity e o município de Cascais (a Cascais Próxima).
No total dos projetos foram instalados 3,5 MW de potência de sistemas fotovoltaicos que produzem 5,3GWh de energia limpa por ano, e aplicadas medidas de eficiência energética que permitem poupar 44,2GWh de energia e evitar a emissão de 17.827 ton CO2 todos os anos (equivalente à capacidade de absorção anual de 810.318 árvores).
Face ao sucesso deste projeto a GoParity propôs, em resposta a uma convocatória aberta da Comissão Europeia (novamente do Horizonte 2020), um projeto de follow-up com um consórcio mais pequeno de abrangência nacional. Contando com a ADENE, a RNAE e a SRS Advogados, o novo projeto – denominado BundleUp NEXT, vai alavancar os resultados do primeiro aumentando a sua abrangência em três áreas distintas: Tecnologia, ao incorporar novos tipo de eficiência energética e mobilidade elétrica; Geografia, ao almejar agora a abrangência nacional permitindo beneficiários de qualquer ponto do país; e Setorial, ao incluir agora também além do setor público, o setor privado e um especial foco na economia social.
A conferência final internacional do projeto intitulada “ENERGY TRANSITION IN THE PUBLIC SECTOR – Strategies and Funding” terá lugar no dia 26 de abril, com a participação de membros do consórcio, representantes da Comissão Europeia e do Covenant of Mayors, além da partilha de experiência de projetos equivalentes noutras geografias Europeias.