Os responsáveis governamentais de todo o mundo iniciam hoje uma nova tentativa global de consenso sobre as alterações climáticas, em Lima, no Peru, depois da última reunião em Nova Iorque, no final de Setembro, que levou 400 mil pessoas a encher as ruas da cidade. O objectivo da 20ª Conferência das Partes (COP20) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que decorre até ao próximo dia 12 de Dezembro, é chegar a um consenso e sair de Lima com o novo acordo global de compromisso para a redução de gases com efeito de estufa, para o combate às alterações climáticas, a assinar na reunião de Paris, em 2015, já preparado. A Quercus é uma das associações presentes na Conferência. De acordo com Francisco Ferreira, que está em Lima, em representação da organização, a conferência é decisiva para o futuro, sendo uma das questões fundamentais "é perceber se aquilo que tem sido anunciado consegue agora ser concretizado de modo mais formal", com objectivos, contexto e assumindo compromissos. De acordo com o comunicado publicado pela associação no seu website, "a falta de vontade política continua a ser o maior impedimento do progresso das negociações no quadro da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, em inglês). A insuficiência de recursos financeiros tem dificultado acções de mitigação mais ambiciosas, bem como a operacionalização efectiva dos mecanismos de ajuda para lidar com os impactes das alterações climáticas a nível mundial", apelando a que os países mostrem liderança e coragem para esta tomada de decisões. O compromisso da Europa, Estados Unidos e China face à redução das emissões, sendo este uma intenção importante no quadro das negociações, dependendo da ambição e natureza vinculativa do mesmo, ainda que não fique assegurado um travão no aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2ºC.
Já no caso português, o nosso país conseguiu cumprir o Protocolo de Quioto (entre 2008 e 2012) e todas as projecções indicam deverá alcançar facilmente as metas relativas às emissões de gases com efeito de estufa estabelecidas para 2020. "Apesar disso, é fundamental que o país defina um conjunto de medidas e trace objectivos para uma economia de baixo carbono, com maior peso das fontes de energia renovável, maior eficiência energética e no uso dos recursos, reduzindo a sua dependência externa", refere a mesma nota.
"O sector dos transportes, o maior responsável em termos de emissões, continua a aguardar um conjunto de medidas necessárias para reduzir a sua contribuição à escala nacional, nomeadamente na redução do transporte rodoviário individual e de mercadorias". Um sector para o qual o Plano Nacional para as Alterações Climáticas para 2030, com quase com dois anos de atraso, se revela pertinente. "Ao mesmo tempo, o país está ainda longe de aplicar as medidas de adaptação indispensáveis para lidar com um clima em mudança, nomeadamente à escala municipal e em áreas críticas do litoral".