Combustíveis sintéticos são chave no futuro limpo da navegação e aviação, defendem ambientalistas
“A União Europeia (UE) deve promover o uso de combustíveis sintéticos verdes, ou “e-combustíveis”, por navios e aviões, como parte de suas próximas leis sobre combustível marítimo e aéreo”. Esta declaração pertence a 17 organizações ambientalistas, incluindo a Federação Europeia de Transporte e Ambiente (T&E) e a ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável), que escreveram uma carta para a Comissão Europeia, apelando ao uso de combustíveis sintéticos capazes de oferecerem enormes oportunidades económicas e de emprego.
De acordo com estes grupos, as iniciativas FuelEU Maritime e ReFuelEU exigirão que os navios de comércio da UE e o abastecimento de aeronaves na Europa mudem progressivamente para combustíveis alternativos sustentáveis. Já os biocombustíveis e o gás natural, por outro lado, “não oferecem uma alternativa sustentável para o transporte marítimo e devem ser excluídos”, afirmam os grupos. Também não deve ser dado “apoio a biocombustíveis de base agrícola para uso em aviões, que emitem mais do que os combustíveis fósseis que substituem, sendo que não haverá biocombustíveis avançados suficientes”, referem. Em vez disso, a carta, dada a conhecer pela ZERO em comunicado, afirma que “os legisladores devem enviar um sinal claro aos investidores potenciais para se concentrarem em combustíveis feitos com excesso de eletricidade renovável e, sempre que for necessário, dióxido de carbono, através da sua captura direta do ar (CDA)”.
Segundo Delphine Gozillon, da T&E, “os combustíveis sintéticos oferecem um futuro limpo para os setores de transporte e aviação, mas também para a indústria de combustíveis. A UE deve dar-lhes a confiança no investimento de que precisam, exigindo que todos os navios de comércio da UE e abastecimento de aeronaves na Europa façam uma mudança progressiva para estes novos combustíveis.”
Para estes grupos ambientalistas, a promoção dos combustíveis sintéticos pode impulsionar o “investimento e criar empregos” em áreas como a “produção de hidrogénio, a construção naval europeia e o desenvolvimento tecnológico”, bem como nas “áreas das infraestruturas de transporte de energia e investigação e desenvolvimento”, destaca a carta. Estudos recentes mostram que o “potencial de eletricidade renovável na Europa é suficiente para atender à procura por navios e aviões, mas a Europa deve tomar as decisões políticas certas em 2021 para incentivar a adoção destes combustíveis verdes”, precisam.
Para Francisco Ferreira, presidente da ZERO, “devemos aprender as lições das más experiências da Europa com o uso de biocombustíveis no transporte. Todos os biocombustíveis de origem vegetal devem ser excluídos das propostas políticas da Comissão e os biocombustíveis avançados sustentáveis devem ser reservados para as necessidades da aviação”.
A Comissão Europeia irá propor a sua legislação FuelEU Maritime e ReFuelEU Aviation em julho. O transporte marítimo é responsável por cerca de 13% das emissões de gases com efeito de estufa do transporte europeu. Globalmente, a aviação é responsável por 5% do aquecimento global.