O dióxido de carbono (CO2) na atmosfera registou um aumento recorde, com um crescimento de 3,05 partes por milhão (ppm) em 2015, segundo medições da estação de referência de Mauna Loa, no Havai. Segundo informou ontem a Agência Oceânica e Atmosférica (NOAA), este “importante” aumento explica-se especialmente pelo surgimento da corrente marinha quente do Pacífico conhecida como El Niño.
Esta corrente reaparece a cada três a cinco anos e provoca mudanças em florestas e outros ecossistemas terrestres que reagem a modificações no clima e ao aumento das precipitações, explicou a agência. A NOAA recordou que o aumento de CO2 mais importante até hoje tinha sido em 1998, um ano no qual o El Niño também foi muito intenso.
“O impacto do El Niño nas concentrações de CO2 é um fenómeno natural de curta duração”, apontou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas. “Mas as emissões de gases de efeito estufa provenientes das atividades humanas são o principal fator de longo prazo que explicam o aumento do CO2 atmosférico. Temos os meios e a responsabilidade de reduzi-los”, afirmou, em comunicado.
A OMM publicará, em novembro, um relatório sobre as concentrações de gases de efeito estufa no planeta com dados provenientes de 50 países, entre eles de estações de grande altitude como os Alpes, os Andes e o Himalaia, assim como Ártico, Antártica e no sul do Pacífico. Mas já se sabe que em janeiro e fevereiro de 2016 a concentração mensal média de CO2 no planeta superou o limite simbólico de 400 ppm. Em fevereiro, o nível estava em 402,59 ppm.
Em março de 2015, a concentração mundial média mensal de CO₂ na atmosfera superou pela primeira vez a barreira dos 400 ppm.
Até a chegada da revolução industrial e do uso massivo de energias fósseis, essa taxa não superou os 300 ppm durante pelo menos 800 mil anos.
O observatório de Mauna Loa é a estação mais antiga de medição atmosférica e é considerada um local de referência para a rede da OMM.