A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) enviou esta quinta-feira, 29 de agosto, um pedido de audiência urgente ao Ministro da Agricultura para abordar a crise que assola o setor do vinho, com particular incidência na Região Demarcada do Douro, e reiterar a necessidade de medidas eficazes para colmatar, no imediato, a perda, em algumas situações total, de rendimento dos viticultores.
“A dramática situação do sector não se compadece com paliativos, adiamentos ou silêncios ensurdecedores e exige uma resposta urgente e eficaz por parte do Ministério da Agricultura. Com a vindima “à porta”, os pequenos e médios produtores estão em desespero. As ameaças dos grandes agentes da transformação e do comércio de não comprarem as uvas concretizam-se um pouco por todo o país. A situação é mais dramática na Região do Douro já que os agricultores ficaram ainda mais desamparados com o corte no benefício anunciado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) a 27 de Julho (menos 14 mil pipas em 2024 a somar ao corte de 12 mil pipas no ano anterior). Mais uma forte machadada no rendimento dos viticultores, que já eram forçados a vender as uvas a preços de há 25 anos e a suportar enormes custos de produção, numa região onde é escandaloso o crescente desequilíbrio de poder de mercado entre a produção, a transformação e o comércio, sempre em prejuízo dos pequenos e médios produtores”, pode ler-se no comunicado da Confederação.
Até agora apenas a destilação de crise foi desencadeada e a medida não chega aos produtores de uva, e também “não é com cadernos de intenções que se resolve a insustentável situação de milhares de agricultores durienses que tanto trabalharam e agora não têm a quem vender as uvas”.
“Para salvar milhares pequenas e médias explorações vitícolas são necessárias medidas extraordinárias de apoio direto aos pequenos e médios produtores da região que mitiguem, no imediato, a sua enorme perda de rendimentos. Estes apoios têm de chegar aos agricultores até final deste ano”, reitera ainda a CNA.
A CNA promoveu no dia 7 de Agosto, com a sua filiada AVADOURIENSE, uma grande manifestação na Régua, para reclamar melhores preços e escoamento da produção da uva e do vinho. Aí foi aprovado um documento, com propostas de medidas concretas a adoptar pelo Governo para travar a perda de rendimento dos agricultores e impedir o encerramento forçado de muitas explorações. O documento, entregue em mãos ao presidente do IVDP, foi também enviado ao Ministro da Agricultura, mas, até ao dia de hoje, não houve resposta por parte da tutela.
Pela “gravidade da situação”, a Confederação solicitou esta audiência urgente ao Ministro da Agricultura para reiterar as suas propostas e reclamar a adopção de medidas urgentes para reverter a situação de crise que enfrentam os pequenos e médios viticultores principalmente os da Região Demarcada do Douro.