O arranque oficial do “Climes to Go” realizou-se esta sexta-feira, 22 de outubro, no Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal, no Estoril. A sessão contou com a participação das empresas responsáveis pelo projeto – Get2C e Earth Watchers – assim como as entidades parceiras: Câmara Municipal de Cascais, Embaixada Britânica, Fundação Calouste Gulbenkian, Oney Bank e Grupo Altri
“Energia”, “ Água” e “Produção e consumo sustentável” são os nomes das três equipas que esta sexta-feira dão início à viagem “Climes to Go”, uma competição que as levará à COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas). Com partida de Cascais (Portugal) rumo a Glasgow (Escócia), as equipas farão viagens independentes da forma mais sustentável e rápida possível e com o maior impacto positivo nas comunidades e completar até 30 de novembro. Esta competição desenvolve-se com cada equipa a ter disponível um “budget” em “Climas” – moeda oficial composta por quatro vetores (CO2, água, tempo e dinheiro), tendo de decidir a melhor forma como aplicá-lo. A equipa que terminar a competição com o saldo mais elevado será a vencedora da iniciativa.
Em declarações à Ambiente Magazine, Luís Castro, partner da Get2C, começou por fazer uma contextualização do projeto, explicando que tudo começou em 2018, quando a Get2C decidiu fazer-se à estrada, num carro elétrico, e rumar de Lisboa até Katowice (Polónia), a cidade que acolheu a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climática (COP24): “Trabalhamos muito com os Governos e Municípios, mas nunca chegamos ao público-geral e sentimos a necessidade de influenciar diretamente as pessoas”. A primeira viagem serviu, assim, de “primeiro teste” para o “Climes to Go”: “O desafio é diferente e vai ter mais impacto”. E o facto de serem jovens torna o projeto ainda dinâmico: “São eles que também têm que definir qual o caminho que querem para o mundo que vamos ter no futuro”. Questionado sobre os desafios que, provavelmente, cada equipa terá de enfrentar ao longo da viagem, Luís Castro acredita que o maior passará por “fazer escolhas certas em relação às várias opções que vão ser apresentadas”, desde o “tipo de transporte que vão utilizar” até à “comida que vão comer” e tudo isso vai ser medido na “moeda clima”.
[blockquote style=”2″]Uma viagem de empoderamento[/blockquote]
No discurso proferido por Joana Balsemão, vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Cascais, ficaram claros os “benefícios ambientais” da viagem feita pelos doze jovens, quando comparados com uma viagem dita convencional: “Se fosse de carro, seriam geradas 2.2 toneladas de CO2 e, se fosse de avião, seriam 2.4 toneladas de CO2”. A missão destes jovens traduz-se, assim, em mostrar que a “pegada é evitável”, que é “possível sensibilizar” e “converter os indiferentes em conscientes”. E numa “corrida contra o tempo” trata-se de uma “missão” até porque, “se não trabalharem em equipa, não serão bem-sucedidos”, acrescenta. Três mil quilómetros e a passagem por quatro países dão rumo à cidade de Glasgow, o palco da COP26, e de onde sairão novas ambições e objetivos a cumprir: “Qual ambição que vai sair daqui?” é a questão colocada. Olhando agora para o ponto de partida – Cascais – a vereadora lembra que a ação climática é algo que o município já trabalha há mais de dez anos, nomeadamente na mitigação e na adaptação: “O nosso contributo é uma migalha no âmbito das emissões globais, mas não vamos ficar parados até porque temos obrigação moral de fazer o nosso contributo”.
Para a Câmara Municipal de Cascais é muito importante aproximar o tema das Alterações Climáticas ao mundo real: “E os jovens podem ajudar a aproximar o tema das pessoas que vivem no quotidiano. Trata-se de uma viagem de empoderamento”, declara. Atores como os “Indivíduos”, o “Governo, as “Cidades” e o “Setor Privado” é o “caldo perfeito” para que, de Glasgow, saia algo “palpável, concreto e nos encha de alento”, remata.
Foram meses para “afinar” e “pensar” as mecânicas deste projeto: “Ainda não conseguimos definir bem o que é isto, mas é muito mais que uma viagem de interrail: é verdadeiramente uma ação”, começa por dizer Susana Carvalho, founding partner da Earth Watchers. O facto das alterações climáticas englobarem temas complexos, o objetivo foi pensar numa ideia que fosse “simples, relevante e inovadora”, explica, atentando que, ainda assim, não deixa de ser experimental: “Temos muitas coisas pensadas, mas vai haver muitos imprevistos no decorrer da viagem”. Desde “ações de voluntariado” até à “descoberta de outras pessoas e entidades que estão a fazer coisas muito boas pelo mundo”, Susana Carvalho não tem dúvidas de que a “mudança de comportamento” passa, precisamente, por “abrir (estes temas) à sociedade civil”.
A “Climes to Go” conta com o financiamento do Fundo Ambiental e o apoio da Fundação Calouste
Gulbenkian, do Oney Bank e do Grupo Altri.