O “Climate Summit: Moldar o nosso futuro climático” apresenta a sua primeira edição já amanhã, 29 de maio, no Templo da Poesia, em Oeiras, e João Maria Botelho, líder da Generation Resonance, fala à Ambiente Magazine sobre a relevância deste evento.
O que levou à criação do Climate Summit?
Em 2023, criámos a Generation Resonance, um projeto multidisciplinar que nasceu da ambição de dar voz ativa e participativa à juventude na luta por um futuro mais sustentável. Antes de criar a Generation Resonance, iniciei a minha jornada pela sustentabilidade na Global Alliance for a Sustainable Planet e na Alliance for Affordable Energy (NY) enquanto policy and strategy intern, onde desenvolvi a minha grande paixão por questões ambientais e climáticas internacionais. Depois desta experiência, vi a oportunidade incrível de trazer para Portugal um pouco do espírito de ação tão presente em alguns hubs globais e grupos de trabalho com que me cruzei em Nova Iorque. Tive o privilégio de me rodear de pessoas inspiradoras como Andreza Caldeira, Joana Chaves Baptista (vice-líder do projeto) e Rui Lopo, que me motivaram e ajudaram a criar a Generation Resonance. O nosso empenho neste projeto tem-nos permitido levar a nossa voz em representação da nossa geração aos principais fóruns de decisão política, como, por exemplo, a COP28, que aconteceu no final de 2023.
Foi a partir da apresentação do nosso Youth Charter – um projeto com as principais preocupações dos jovens portugueses – na COP28, sob o apoio da Associação das Nações Unidas em Portugal, que delineámos um plano de ação integrada a desenvolver em 2024. Na continuidade deste plano de ação, surge então a primeira edição do Climate Summit, organizada por nós em parceria com a Associação das Nações Unidas em Portugal e a Câmara Municipal de Oeiras e com o apoio da Fundação Oriente. Este evento tem como objetivo promover um diálogo transversal entre jovens e decisores políticos, contribuindo para transformações significativas na sociedade.
Qual a importância de promover um evento destes?
Este evento é uma excelente oportunidade de galvanizar a ação coletiva para enfrentar os desafios urgentes das alterações climáticas, ao mesmo tempo que contribuímos para capacitar e desenvolver a próxima geração de líderes para a sustentabilidade económica, social e ambiental.
A nossa visão para o Climate Summit é ser um catalisador para a mudança, um espaço onde se constroem pontes e se debatem soluções inovadoras. Queremos que este evento seja um meio de partilha de conhecimento, onde se fortalece a colaboração entre diferentes setores para debater estratégias de atuação globais e onde se prepara a liderança de amanhã com os contributos de hoje. Acreditamos no potencial desta cimeira para promover e delinear um plano de ação integrada e soluções acionáveis para um futuro sustentável, dando especial ênfase à inclusão e ao envolvimento dos jovens nestes diálogos. Vivemos numa época em que somos a geração mais instruída, mas em questões cruciais como as alterações climáticas e a sustentabilidade, somos frequentemente ignorados ou negligenciados. É este o cenário que pretendemos mudar com o trabalho da Generation Resonance.
Quais são as expectativas para esta primeira edição?
Estamos muito expectantes para este evento, porque acreditamos no seu potencial para impactar as pessoas que estarão presentes. Estamos entusiasmados com a possibilidade de reunirmos um quadro tão vasto de ilustres figuras para a sustentabilidade, que nos irão ajudar a debater temáticas cruciais para a sociedade e é por este motivo que esperamos conseguir alcançar um bom número de participantes, dos mais variados setores. Queremos que seja um evento onde se constroem pontes para debater e inspirar ações concretas e significativas para enfrentarmos o desafio das alterações climáticas.
Este será o nosso primeiro evento feito de raiz após o sucesso do podcast “Tomorrow Talks” lançado pela Generation Resonance e após a apresentação do nosso projeto na COP28 no Dubai. Esperamos que seja também um momento de partilha e reflexão de áreas que podemos incluir futuramente no projeto que pretendemos levar à COP29.
Que temáticas estarão em destaque?
Teremos um conjunto de palestras relevantes e com impacto para a sociedade, com foco na governação dos oceanos, transição energética e finanças sustentáveis. Adicionalmente, teremos ainda uma talk sobre “pensar a sustentabilidade fora da caixa”, que será orientada pela Assunção Cristas (ex-Ministra da Agricultura e do Mar e nossa embaixadora do futuro).
Que nomes/oradores estarão em destaque?
Quisemos reunir um conjunto de oradores reconhecidos e influentes no campo da sustentabilidade, de modo a permitir um diálogo transversal entre a academia, o mundo empresarial e com especial foco no envolvimento e participação jovem. Vai ser um privilégio contar com a Mónica Ferro, Diretora do Escritório do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) em Londres, para presidir o evento. Teremos ainda um quadro de especialistas nacionais e internacionais que têm mostrado um compromisso inabalável com as nossas causas core, como impacto e inovação social, sustentabilidade e ação climática. Posso destacar nomes como, por exemplo, Assunção Cristas (ex-ministra da Agricultura e do Mar e nossa embaixadora do futuro), Mário Parra da Silva (Secretário-Geral da direção da UNA Portugal), Bernardo Ivo Cruz (ex-Secretário de Estado para a Internacionalização), Ana Fontoura Gouveia (ex-Secretária de Estado da Energia), Maria Teresa Goulão (Diretora da Associação Portuguesa de Empresas do Sector do Ambiente), Filipa Saldanha (Diretora de Sustentabilidade do Crédito Agrícola), Isabel Carvalhais, Maria Manuel Leitão Marques e Vasco Becker-Weinberg (Eurodeputados), Catarina Barreiros (fundadora e CEO da Do Zero), Armando Marques Guedes (NOVA), Margarida Couto (Sócia Fundadora da VdA), entre muitos outros.
Quantos participantes esperam alcançar?
O nosso desejo é alcançar o máximo de participantes que conseguirmos, de modo a permitir um diálogo transversal entre jovens, profissionais do setor, académicos, decisores políticos, mas também interessados em refletir sobre a importância da sustentabilidade. O evento é gratuito e aberto ao público e, neste momento, temos cerca de 80 participantes, sem contar com os oradores. É um motivo de grande orgulho para nós conseguirmos assegurar esta oportunidade de debater estratégias e ações concretas para moldar um futuro climático positivo.
Esta será uma iniciativa para continuar para futuras edições?
Sim, gostávamos que fosse algo para ter continuidade. O que ambicionamos com esta iniciativa é que seja apenas um começo e que, a partir daqui, consigamos implementar este evento anualmente, estabelecendo um espaço contínuo para o diálogo e ação sobre as diversas vertentes da sustentabilidade. A nossa visão é criar um legado duradouro e expandir o impacto do evento, de modo a conseguir envolver mais participantes e ampliar a discussão para novas áreas relevantes.
Que outras temáticas ainda precisam de ser discutidas?
A sustentabilidade não se esgota nas temáticas que trazemos para debate nesta edição. É certo que existem várias outras áreas que precisam ainda ser discutidas como, por exemplo, aquelas relacionadas com justiça climática e políticas públicas, que englobem todas as dimensões da sustentabilidade (ambiental, social e
governamental), mas também relacionadas com a importância da propriedade intelectual, da inovação, de finanças sustentáveis, e da diversidade e inclusão. São temas que nos afetam todos os dias e para os quais precisamos de contribuir através da nossa participação e ação coletiva.
O nosso objetivo com este evento é que sirva de bússola orientadora para os líderes de hoje, fornecendo-lhes as ferramentas essenciais para ampliarem o seu impacto e juntarem-se aos change-makers, os jovens líderes de amanhã.