A cidade de Marraquexe aguarda, a partir de hoje, que os representantes de cerca de 200 países comecem a dar os passos para concretizar o primeiro grande acordo mundial contra o aquecimento global, que entrou em vigor há quatro dias, menos de um ano depois de ter sido aprovado em Paris, noticiou hoje o Público. A grande expectativa da 22ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 22), que decorre até 18 na cidade marroquina, está a ver até onde os países estão dispostos a ir para respeitarem o compromisso que assumiram em Paris de limitar a subida da temperatura abaixo dos 2 graus Celsius.
Na quinta-feira, um relatório das Nações Unidas voltou a lembrar a urgência em agir rapidamente para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), de modo a evitar “uma tragédia”. Mais um alerta com palavras duras num momento de raro consenso político no combate contra o aquecimento global.
Até ao momento, 97 dos 197 signatários, ratificaram o Acordo de Paris, considerado histórico. Ainda assim, no início desta conferência três grandes emissores de GEE não ratificaram o acordado em França, a 12 de dezembro do ano passado: a Rússia, que ainda não avançou uma data, a Austrália e o Japão, que ainda estão em fase de discussão.
O objetivo do limite de 2ºC tinha sido definido em 2009, em Copenhaga, o que impõe uma redução drástica das emissões de GEE através de medidas de poupança de energia e de investimentos em energias renováveis, e por exemplo, reflorestamento. Vários países, nomeadamente estados insulares que sofreram com subida do nível da água do mar, afirmam que mesmo com a limitação do aumento da temperatura a 1,5ºC já correm perigo.
Cumprir este objetivo vai também ser importante para países do Mediterrâneo e determinante para Portugal. Se não for invertido o atual ciclo de aquecimento lobal, a Península Ibérica poderá tornar-se num deserto até 2100. É o que têm dito alguns estudos, dos quais Joel Guiot e Wollfang Cranerm do Centro Nacional de Investigação Científica francês, e publicado esta semana na revista Science.
Outro dos temas sensíveis na COP 22 é a questão da ajuda aos países em desenvolvimento. Em 2009 os países ricos prometeram 100 mil milhões de dólares por ano (cerca de 91.200 milhões de euros) a partir de 2020 para ajudar as nações em desenvolvimento a financiar a transição para energias limpas e a adaptação aos efeitos do aquecimento, dos quais são as primeiras vítimas.