A Cleanwatts pretende angariar, através da GoParity, plataforma de crowdlending (financiamento colaborativo), cerca de 67 mil euros para instalar centrais fotovoltaicas que vão permitir criar uma comunidade de energia em Castelões, freguesia de Calvão, no concelho de Chaves. O mesmo modelo será replicado na aldeia vizinha de Soutelinho da Raia, adianta a empresa, num comunicado.
Esta é a primeira vez que, em Portugal, um projeto deste tipo é financiado através de crowdlending, uma forma de crowdfunding, mas com base em empréstimos e não em equity. Outra particularidade é o facto de resultar da união de esforços dentro da comunidade, uma vez que os terrenos onde irão ser instaladas as centrais fotovoltaicas serão cedidos por habitantes locais.
De acordo com a Cleanwatts, esta iniciativa de financiamento colaborativo não tem encargos de subscrição, sendo o montante mínimo de 5 euros. Inicialmente, foi lançada em modo privado, para dar aos habitantes locais a possibilidade de serem os primeiros a investir. Em cerca de dez dias, foram angariados mais de 100 investidores. A partir de agora, passa a estar aberta a todos e pode ser consultada aqui.
“O projeto consiste na instalação de centrais de produção de energia fotovoltaica e de Comunidades de Energia nas aldeias de Castelões e de Soutelinho da Raia, que permitirão a todos os participantes usufruírem de energia local, limpa e descarbornizada, com um desconto de aproximadamente 25% relativamente ao custo da energia da rede durante as horas de sol”, explica o presidente da Cleanwatts, Basílio Simões. “Será instalado um total de 171kWp de potência fotovoltaica em duas centrais que produzirão cerca de 140MWh de energia limpa por ano”, acrescenta o responsável.
Na mesma nota, a Cleanwatts explica que os participantes nas Comunidades não terão de fazer nenhum investimento nem de alterar os seus contratos com o atual comercializador de energia, passando todavia a consumir, durante as horas de sol, uma parcela da energia de que necessitam a partir de uma fonte local, verde e sustentável, acelerando o processo de descarbonização destas aldeias. A empresa levará também a cabo iniciativas de formação através das suas ferramentas digitais de gestão de energia – Kisense, Kiome e Kiplo Energy Communities, as quais serão disponibilizadas à comunidade para monitorizar a energia renovável gerada, a energia consumida e para identificar oportunidades adicionais de poupança através de medidas de eficiência energética e outras, como sejam a introdução de soluções de armazenamento de energia sempre que seja relevante.
As comunidades energéticas de Castelões e Soutelinho da Raia estão inseridas no programa “100 Aldeias” – recentemente premiado com o Prémio de Inovação Social Power Technology Excellence Awards, na categoria de “Impacto Social” – e que tem como objetivo “combater a pobreza energética, através da criação de comunidades locais de energia renovável e da promoção de boas práticas energéticas junto dessas mesmas comunidades”, remata Basílio Simões.