A Cimpor – Cimentos de Portugal disse hoje que o acréscimo do valor limite de emissão de carbono orgânico total na fábrica de Souselas, em Coimbra, não deverá implicar “um aumento do valor médio anual das emissões”.
Uma fonte oficial da empresa referiu à agência Lusa que “esteve em discussão pública um pedido da Cimpor para uma alteração do valor limite de emissão de carbono orgânico total, nos fornos da fábrica de Souselas, para 75 miligramas por normal metro cúbico”. Este pedido, acrescentou, “tem como único objetivo a estabilização da incorporação de combustíveis derivados de resíduos industriais e urbanos, não perigosos, no processo de fabrico de cimento, o que, tendencialmente, não implicará um aumento do valor médio anual das emissões na unidade, situada a norte da cidade de Coimbra”.
A Cimpor reagiu hoje, por escrito, à posição tomada na terça-feira pelo Bloco de Esquerda, que exigiu “total transparência” no processo de coincineração de resíduos nesta cimenteira, tendo questionado a alegada falta de estudos para um aumento das emissões de carbono orgânico. Recordando que a empresa solicitou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) autorização para aumentar, nas operações de queima de resíduos em Souselas, os valores limite de emissões de carbono orgânico total, o deputado do BE, José Manuel Pureza, vice-presidente da Assembleia da República, defendeu “uma explicação cabal e inequívoca para a razão de ser deste pedido”.
A Cimpor afirma que a fábrica de Souselas opera de acordo com os princípios definidos pela licença ambiental de que dispõe e que foi renovada pela APA, no dia 10 de dezembro. O valor limite de emissão de carbono orgânico total (75 miligramas por normal metro cúbico) “situa-se substancialmente abaixo do valor limite de emissão de 200 miligramas por normal metro cúbico de aplicação geral, estabelecido pela portaria n.º 675/2009”, adianta.
“O recurso a combustíveis não-fósseis, vulgo coprocessamento, consiste na utilização de combustíveis alternativos durante o processo de produção de cimento”, diz a empresa. A sua utilização – “no cumprimento das melhores técnicas disponíveis” – permite “diminuir o consumo de combustíveis fósseis com todas as vantagens ambientais daí decorrentes, incluindo a redução das emissões de CO2”, além de “valorizar energeticamente os resíduos industriais e urbanos que, caso contrário, seriam colocados em aterro”.
A Cimpor afirma-se também “disponível para todos os esclarecimentos que forem considerados pertinentes, por parte dos representantes locais da população”.