O Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, acolheu, no dia 17 de maio, o Fórum Internacional de Mobilidade Sustentável, onde o tema do Hidrogénio assumiu grande destaque. O evento, que juntou mais de uma centena de pessoas especialistas e interessados na temática, focou o hidrogénio como uma solução de futuro e deu a conhecer o trabalho que está a ser realizado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo em estreita articulação com
a MédioTejo21 – Agência Regional de Energia e Ambiente e os Institutos Politécnicos de Tomar e Portalegre.
O motivo prende-se com o facto da região do Médio Tejo ter sido considerada, em 2017, a Região Piloto do Hidrogénio. Atualmente, o Médio Tejo é a única região, a nível nacional, com protocolo assinado com “Fuel Cells and Hydrogen 2 Joint Undertaking” (FCH2 JU), estando numa posição de dianteira para conhecimento do que
se passa a nível europeu e mundial sobre o tema.
Para além do protocolo assinado com a FCH2 JU, a CIM do Médio Tejo estabeleceu um Protocolo de Colaboração com a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio (AP2H2), promoveu a constituição de um Grupo de Trabalho envolvendo especialistas e entidades, nomeadamente o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Politécnico de Portalegre e a Agência Regional de Ambiente e Energia do Médio Tejo e Pinhal Interior Sul, diligenciando reflexões sucessivas e recolhas de visões globais, sectoriais e restritas, explorando a adesão voluntária de empresas e participantes.
Nesta sequência, e em resultado do Grupo de Trabalho, foi estabelecido elaborar um documento intitulado “Hidrogénio – Propostas para um Plano de Ação 2020-2030,” como contributo para o arranque das ações e
projetos a desenvolver com todos os potenciais stakeholders a envolver.
O documento elenca projetos pertinentes para impulsionar a adesão a investimentos com o Hidrogénio e enquadra-se em três grandes Eixos de Intervenção: Educação e Formação Profissional, Agenda do Hidrogénio para a região do Médio Tejo e Informação e Promoção do Hidrogénio como vetor energético.
Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIM do Médio Tejo, referiu-se a este Plano de Ação no decorrer do Fórum Internacional de Mobilidade Sustentável. Na ocasião, o secretário executivo da CIM do Médio Tejo falou de um “plano com várias componentes, desde uma componente ligada à educação” como também “à informação e à divulgação do Hidrogénio”, estando previstas “algumas iniciativas concretas e inventariadas que dependem muito da oportunidade de financiamento e nas quais estamos a trabalhar e que queremos apresentar publicamente”.
“Este é um projeto em que acreditamos e queremos posicionar os nossos Municípios e as nossas empresas”, afirmou Miguel Pombeiro, tendo falado do trabalho já encetado ao nível da transição energética no Médio Tejo centrado na eficiência energética de diversos edifícios municipais e também na iluminação pública.
Coube a Vasco Estrela, na qualidade de vice-presidente da CIM do Médio Tejo, estar na sessão de abertura do evento, que contou com a presença de José Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade e de
Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal do Entroncamento e vogal do Conselho de Administração da Fundação do Museu Nacional Ferroviário. Vasco Estrela salientou que é preciso “diversificar as fontes de energia para tornarmos as nossas empresas mais competitivas, de modo a atrair mais investimento, emprego e crescimento para a região”.
O vice-presidente da CIM do Médio Tejo falou em compromisso e no interesse que a região do Médio Tejo tem “em promover o uso do hidrogénio e perceber como é que o pode fazer”. “Na CIM do Médio Tejo estamos a fazer um trabalho conjunto nesta matéria, com o Instituto Politécnico de Tomar e de Portalegre e, portanto, há muito tempo que andamos a debater esta matéria e encontros como este são importantes para aflorar conhecimento e para capacitar a região relativamente a esta matéria”, vincou.
De seguida, o tema continuou com a intervenção do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, na qual referiu que as atuais emissões de 8 gigatoneladas de CO2 emitidas anualmente podem duplicar até 2050. Um cenário que precisa de ser alterado, sobretudo na próxima década, de modo a cumprir as metas definidas no Acordo de Paris, assinado por quase 200 países na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em 2015, disse José Mendes.
O fórum prosseguiu ao longo do dia com várias apresentações, nomeadamente, sobre os projetos de demonstração financiados pela FCH JU na área dos transportes de mobilidade inteligente; hidrogénio, células de combustível e mobilidade elétrica nas regiões europeias; caso de potencial negócio de uma infraestrutura de abastecimento de
hidrogénio em frotas cativas; Mobilidade Sustentável aplicada ao Transporte Ferroviário de passageiros e a Determinação da dimensão e estratégias operacionais ótimas do grupo de tração baseada em tecnologias de hidrogénio e de armazenamento para responder às necessidades ao nível da mobilidade.
Recorde-se que o hidrogénio apresenta diversas vantagens, nomeadamente, a sua menor pegada de carbono, caso seja produzido a partir de fontes renováveis ou mesmo a partir do gás natural.
A dinâmica internacional em torno deste vetor energético é muito grande, principalmente no Japão, nos EUA e na EU, estando Portugal numa fase ainda muito embrionária desta dinâmica. O assumir da Região do Médio Tejo como uma “Região do Hidrogénio”, além de compromisso semelhante também já assumido pelo município de Torres Vedras,
representa um excelente e marcante ponto de partida para inverter o panorama nacional. Ao se tornar pioneira, a Região do Médio Tejo tem claramente vantagens para capitalizar futuros investimentos neste vetor energético, dada a perspetiva de crescente aprendizagem e consolidação de conhecimentos.