Investigadores e especialistas em tubarões portugueses e espanhóis enviaram uma carta pública à União Europeia (UE) e aos governos de Portugal e Espanha para “exigir a tomada de medidas urgentes e decisivas para a proteção de uma das espécies de tubarão mais vulneráveis no Atlântico Norte: o anequim”.
De acordo com o comunicado divulgado à imprensa, este pedido surge num “momento crítico”, pois representantes dos principais países envolvidos na pesca irão em breve discutir as “medidas de gestão da pesca desta espécie ameaçada no âmbito da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT)”. A reunião anual do ICCAT foi cancelada, mas tudo indica que este tema será discutido por correspondência.
“A pressão humana está a colocar seriamente em risco a sobrevivência de uma das mais emblemáticas espécies do planeta” disse em comunicado Nuno Queiroz, um dos subscritores da carta e cientista no CIBIO-InBio da Universidade do Porto. “A sobrepesca é a maior ameaça que o anequim no Atlântico Norte. A espécie está tão debilitada que é necessário parar totalmente as capturas, intencionais ou não, para que a população de anequim tenha uma oportunidade de recuperar nos próximos 25 anos. É por isso que necessitamos de medidas de gestão ambiciosas por parte da UE e dos governos português e espanhol que coloquem esta espécie num caminho para a recuperação”, acrescenta o investigador.
“Embarcações de pesca de palangre que têm como alvo o atum e o espadarte são responsáveis pela maior parte da mortalidade de anequins”, alertam os investigadores. Embora alguns mestres de embarcações procurem evitar áreas onde existe uma elevada concentração desta espécie, de forma a evitar a sua captura acidental, “um número elevadíssimo destes tubarões continua a ser apanhado”. E uma vez capturados, de forma intencional ou acidental, “os tubarões são vendidos no mercado”, lê-se no comunicado. Espanha e Portugal representam agora mais de metade de todas as capturas de anequim no Atlântico, tendo assim, juntamente com a UE, um papel crucial no seu declínio ou conservação.
Os investigadores afirmam que “proibir a retenção desta espécie a bordo das embarcações de pesca – juntamente com medidas de gestão que previnam capturas acidentais e que recolham informação adicional sobre as zonas de distribuição e reprodução desta espécie – seria o caminho adequado a seguir para a proteção esta espécie ameaçada”. Alguns países preparam-se para submeter propostas neste sentido ao ICCAT. A questão será se a UE apoiará estas propostas, o que não tem acontecido até agora, alertam os investigadores.