As chuvas torrenciais que causaram inundações em França nas últimas semanas tinham a impressão digital inconfundível das alterações climáticas, de acordo com uma pesquisa francesa que será submetida a uma revista científica na próxima semana.
O aquecimento global quase duplicou, nos últimos 50 anos, a probabilidade da ocorrência desse tipo de chuvas fortes de três dias que fizeram transbordar as margens dos rios Sena e Loire, segundo os pesquisadores. A probabilidade de um evento extremo associado a precipitações aumentou, no mínimo, 40%.
“Descobrimos que podiamos associar o aquecimento global diretamente com as recentes tempestades em França que provocaram tantas inundações e destruição”, disse num comunicado Robert Vautard, cientista no Laboratório para o Clima e Ciências Ambientais francês.
As águas do Sena atingiram seu maior nível em três décadas, enquanto as inundações provocaram evacuações e deixaram dezenas de milhares de pessoas sem energia elétrica nas cidades próximas a Paris.
No sul da Alemanha, as chuvas fortes também causaram inundações que arrastaram casas e carros. Pelo menos 18 pessoas morreram em quatro países europeus. Ao contrário da França, no caso da Alemanha as evidências não eram fortes o suficiente para estabelecer um vínculo direto entre o aquecimento global e as tempestades devastadoras, de acordo com os cientistas.
Isso não significa, porém, que as alterações climáticas não tenham desempenhado um papel importante nas chuvas da Alemanha, apenas que as observações não se alinharam tão bem com os modelos para fornecer conclusões sólidas.
Os cientistas têm lutado há anos para ligar os pontos entre as alterações climáticas – que são medidas com maior precisão ao longo dos séculos – e eventos climáticos extremos individuais, como tempestades ou secas.