Cidade do Zero: Conheça o que pode fazer na “cidade” mais sustentável e inclusiva do país

Chama-se Cidade do Zero e é a segunda edição de um evento que pretende demonstrar como seria vivermos numa cidade efetivamente sustentável e inclusiva. Workshops, palestras, debates, showcookings, oficinas, e um mercado, com venda de marcas mais sustentáveis, vão ocupar um espaço com o total de 3500 metros quadrados no Centro Cultural de Belém, numa “mini-cidade” criada de raiz, que pretende mostrar o que de melhor se faz no nosso país quando se fala de sustentabilidade social e ambiental. Há ainda um mercado de trocas (de livros, plantas e roupa), de vendas em segunda mão e várias oficinas de reparação (de calçado, roupa, pequenos eletrodomésticos e bicicletas). Para crianças e famílias, há workshops de cozinha e oficinas, entre outras atividades, e uma zona de restauração para refeições completas. A “Cidade do Zero” acontece nos dias 16 e 17 de setembro e vai funcionar entre as 10h00 às 22h00. A programação completa acaba de ser anunciada e pode ser consultada no site ou na página de instagram da Cidade Do Zero. As inscrições para os workshops, palestras, debates, oficinas e showcookings abrem amanhã, dia 7 de setembro. O evento é petfriendly, a entrada é livre, assim como todas as atividades da programação.

A organização da “Cidade do Zero” é da responsabilidade de Catarina Barreiros (criadora de conteúdos sobre sustentabilidade e fundadora do projeto Do Zero; membro do Grupo de Reflexão “O Futuro já começou” e recentemente distinguida, pelo Jornal Expresso, como um dos 50 perfis que prometem marcar o futuro do país) e de João Barreiros, que para além de coorganizador é também parceiro no projeto Do Zero.

“Já é sabido (e sentido) que o mundo está a mudar. Que os nossos ecossistemas estão a passar por uma fase de mudança abrupta e que isso trará consequências para todos nós. Mas, no meio de más notícias que chegam todos os dias, sentimos que o mundo precisa de esperança. E é isso que pretendemos trazer com a ‘Cidade Do Zero’. Uma lufada de ar fresco. Um ‘é possível’, já estamos a mudar!’. Uma nota positiva das pessoas e organizações que já trabalham hoje a pensar no amanhã”, afirma Catarina Barreiros. E acrescenta: “Todos sabemos onde temos de ir para viver como sempre vivemos. Se quisermos comprar uma camisola, comprar comida, ir ao cinema… não faltam espaços no mundo dedicados ao (sobre) consumo imediato e pouco refletido. Aqui, queremos trazer ao cidadão mais preocupado, a mesma praticidade de ter todos os projetos de circularidade e sustentabilidade no mesmo sítio. Quem procura uma camisola, encontra espaços que vão desde as trocas de roupa, à reparação ou a bancas de marcas responsável. Quem procura entretenimento, tem workshops, debates, e até um documentário e um espetáculo de stand up. Construímos uma cidade onde podemos continuar a encontrar tudo aquilo de que precisamos, mas sabendo que encontramos as opções com menor impacte ambiental”, explica.

Madalena Reis, administradora da FCCB, afirma: “É com muito gosto que o CCB acolhe no seu espaço a Cidade do Zero. Esta apresentação coincide com uma fase de expansão do projeto, o que confirma o maior interesse e consciencialização da população para as temáticas da sustentabilidade, algo que muito nos alegra. Incorporar os valores da sustentabilidade na atividade diária do CCB, através da implementação de boas práticas ambientais, sociais e de governance é, justamente, um dos Objetivos Estratégicos da Fundação Centro Cultural de Belém para o triénio 2022-2024. Esta intenção do CCB traduz-se na prática na sistematização de alguns projetos já existentes e no impulsionamento de novos projetos, de acordo com as responsabilidades que uma instituição como o CCB deve cumprir”.

Workshops, palestras e debates, oficinas e showcookings: um total de mais de 90 sessões e mais de 150 oradores

Os workshops, vão acontecer em diversas zonas da “Cidade do Zero. Aprender a fazer “uma horta em qualquer lado”, com André Maciel (hortas LX), a “deixar de ser um plantassasino”, com Sofia Manuel (@Atripeirinha); a fazer compostagem em casa com Tiago Matos (@tiago.greentribe), a fazer Limpezas sustentáveis da casa, com Joana Gonçalves Tavares (@Joana At Home); ou Tingimento com plantas, com Sara Diniz (@saradsdiniz), são algumas das propostas de workshops que vão acontecer na praça CCB. Esta praça da “Cidade do Zero” vai receber ainda com um show de Stand Up Comedy, com a humorista Joana Gama que desafia os humoristas, Cássia Rodrigues, Pedro Alves e Pedro Luzindo, para “Conversas Insustentáveis”, o espetáculo que fará o encerramento do evento.

Na Praça dos Pequenitos, os maios novos vão poder aprender fazer atividades diversas como transformar borras de café em cogumelos, construir uma casa para abelhas e fazer sais de banho, entre outras propostas que envolvem aguarelas de plantas, livros, e atividades interativas.

Uma imagem com interior, arte, átrio, edifício

As palestras e debates, no interior do CCB, terão direito a salas organizadas por áreas específicas recebendo especialistas em diversas áreas da ciência e da saúde, com apresentações, debates e mesas redondas, a decorrer ao longo dos dois dias do evento.

A GoParity, start-up dedicada às Finanças Sustentáveis, vai ter o ‘Bairro das finanças sustentáveis’ e terá, entre outros, sessões sobre investimentos mais responsáveis para famílias a par com mesas redondas e sessões sobre Energia Descentralizada e Renovável. “Se o dinheiro é que mexe o mundo, como o fazemos mexer para o bem?”, com António Miguel (MAZE), Filipa Saldanha (Crédito Agrícola), Filipa Pantaleão (Women in ESG) e moderação da Goparity; “Empreendedorismo que faz bem ao mundo”, com Armindo Gonçalves (Planta livre), Carlos Gonçalves (Casa Mendes Gonçalves), Sara Geraldo (DELTA), Nuno Brito Jorge (Goparity) e moderação de João Barreiros; ”Para que servem e como funcionam as Comunidades de energia?”, com Ana Rita Antunes (Coopérnico), Filipe Fernandes (Windcredible), Rui Queiroga (Cleanwatts), Manuel Casquiço (ADENE) e moderação de Manuel Nina (Goparity); “Economia Circular e Economia Doughnut: teorias económicas para um mundo mais sustentável”, com Paulo Ferrão, Inês Costa e moderação de Zé Maria Pimentel; e “Como se consome moda em Portugal? Qual a relação do consumidor com os rótulos ecológicos existentes?”, com Assunção Mesquita e Patrícia Oliveira Silva, são questões que vão ser debatidas nesta sala.

Os temas dedicados à Saúde (incluindo a Saúde Mental e Saúde da Mulher), ao Envelhecimento Ativo, à Inclusão e à Resiliência Climática, vão ter lugar na sala do Grupo Ageas Portugal que vai acolher, entre outros, nomes como Margarida Santos (Médica, Consulta Aberta x SIC Notícias), Gustavo Jesus (Psiquiatra, Diretor Clínico PIN), Catarina Oliveira (palestrante @especierarasobrerodas) e Tânia Graça (Psicóloga Sexóloga). “Sociedade Saudável: Mais vale um cérebro na mão do que uma mente sem voar”, por Gustavo Jesus; “Sociedade mais saudável: Estudo Saúdes e Bem-Estar das Mulheres, um potencial a alcançar”, com Maria Silveira, Carmo Silveira, Sofia Bettencourt, Carmo Delgado e Tânia Graça, são alguns dos exemplos dos temas em debate. Nesta sala será ainda possível assistir a um documentário sobre Desperdício Alimentar, participar no Mural do Clima e será promovida uma Tour de Acessibilidades pela “Cidade Do Zero” com Catarina Oliveira e César Coelho, para falar sobre Acessibilidade e Inclusão.

A sala Pingo Doce vai receber temáticas dedicadas ao Oceano, tocando áreas como a alimentação, pradarias marinhas e conservação dos oceanos. “Amar o Mar: O que não é o oceano?”, com Sónia Sousa; “Como podemos proteger o oceano?”, com Ana Matias (Sciaena), Rita Sá (WWF), e Raquel Gaspar (Ocean Alive), com moderação de Luís Ribeiro; “Pescado sustentável – realidade ou utopia?2, com Ana Rovisco e “O papel dos insetos na segurança alimentar”, com Gonçalo J. Costa, Andreia Valente, Gonçalo Duarte e moderação de Roberto Keller, são alguns dos temas.

O Átrio The Loop será dedicado a temáticas tão diversos como Circularidade, Urbanismo & Arquitetura Sustentável, Cidadania & Ativismo e ainda Moda Responsável. “Fazer Cidade: Refúgios Climáticos para Cidades Saudáveis”, com Manuel Banza; “O papel da Cultura e da Educação na criação de um mundo mais sustentável”, com Pedro Freitas, Artur Bordalo, CCB, FFMS e moderação Joana Guerra Tadeu; “Como se consome moda em Portugal? Qual a relação do consumidor com os rótulos ecológicos existentes?” por Assunção Mesquita e Patrícia Oliveira Silva; e “Transparência e rastreabilidade num mundo em crise climática”, com Miguel Portugal (Zeroo), Eng. Brás Costa (Be@t), GS1, The Carbon Games, e moderação de Ana Carreira, são apenas alguns dos exemplos.

Uma imagem com vestuário, interior, mobília, pessoa

Por último, no Bairro Pingo Doce, haverá uma programação de showcookings ao longo de todo o dia em ambos os dias do evento. “Cozinhar sem Sal: o poder da Salicornia”, por Qampo; “Como combater o desperdício alimentar: tudo sobre ‘courgette’”, por um chef Pingo Doce; “Meal Prep sem desperdiçar tempo e alimentos”, com Sofia Magalhães (@o Blog da Spice); “Bolos vegan sem desperdício”, com Nuno Mota (@Alho Francês) e “Cozinha vegetariana sem desperdício para bebés e pais”, com Luísa Mafei (@luisamafei); são alguns exemplos dos showcookings, que vão partilhar receitas com mais saúde e com menos desperdício.

No mercado da “Cidade do Zero”, que vai reunir mais de 120 bancas, é possível encontrar marcas das áreas de moda (incluindo roupa, calçado, e acessórios e swimwear); de cosmética; para bebé & criança; especializadas em soluções de energias renováveis; de mobiliário e decoração; de jardim; de limpeza; e de comida & bebidas, sendo que algumas das marcas presentes vão ter coleções, preços e ofertas especiais. Todas as marcas da “Cidade do Zero” são nacionais e destacam-se por um ou mais dos seguintes princípios: produção ética, impacto social, circularidade, gestão de resíduos e/ou trabalho com matérias-primas recicladas.

J-UNK (calçado feito de mangueiras de bombeiros danificadas por incêndios); Esquivel (joalharia sem género), Tatara Razors (máquina de barbear infinita), Cosbe (Cosmética feita com grainha de uva), Empatia Atelier (da influencer Mafalda Sampaio), Humano (moda unissexo), Hoterway (soluções de tecnológicas eficientes para aquecer a água sem desperdício); Reshape (peças únicas e artesanais de cerâmica feitas por reclusos e antigos reclusos), são alguns exemplos de marcas que vão estar presentes no mercado.

Na área dos serviços, a Praça Moda Circular reúne empresas de reparação de calçado (Re-shoes), de costura (55+ e Maria Modista), de Lavandaria (Pyck), e de embalagens circulares (Zeroo), sendo o espaço indicado para quem quer contratar e/ ou aprender a fazer algumas reparações. Reparar calçado, fazer uma bainha, coser um botão, fazer discos desmaquilhantes ou estojos com tecidos de deadstock, são alguns dos exemplos do que é possível reparar ou aprender a fazer nas oficinas da “cidade”. Vai haver ainda a possibilidade de reparar equipamentos eletrónicos, no espaço do Electrão, e no espaço Salsa Jeans vai ser possível reparar artigos denim da marca a custo zero.

No mercado de trocas, a Circular Wear, a Fashion Revolution, a SecondHand BabyWonderland, a Plant Swap Portugal e a Sempre a Rodar , asseguram a troca de roupa, de roupa de bebé, de plantas e de bicicletas, respetivamente, havendo ainda um espaço destinado à troca de livros. Já o mercado em segunda mão vai contar com artigos de moda, calçado, acessórios e puericultura.

A zona de alimentação e restauração vai contar com três restaurantes para refeições completas – Kitchen Dates, O Pequeno Bistrô e The Therapist – e outros dez espaços com refeições leves e snacks, onde se incluem marcas como Fratellini (Gelados artesanais feitos por pessoas em situação de exclusão social), Scoop & Dough (os famosos donuts e gelados vegan) e EqualFood (cabazes de frutas e legumes “feios), Cura e Muka (queijos vegan), Why Not Soda, NAM (Cogumelos produzidos com borras de café), azeites Esporão, Gelataria Portuguesa, Mai Kombucha, Mainova (vinho), Miss beekeeper, Quinta do Arneiro e Quinta do Lagarnovo. De assinalar que toda a área de restauração terá recipientes reutilizáveis e rastreáveis do projeto ZEROO, uma joint venture da The Loop (start-up portuguesa de tecnologia para a circularidade) e a Do Zero, e que serão disponibilizadas fontes de água potável em todo o recinto do evento.

Tudo o que é possível levar para reciclar ou deixar para reutilizar

Na “Cidade do Zero” nada se perde, tudo se transforma! Eis tudo o que pode é possível levar, para reciclar ou para reutilizar: Roupa de ganga; Pequenos eletrodomésticos; Pilhas; Óleo Alimentar Usado; Lâmpadas CD’s, DV; embalagens de tintas (podem conter restos); latas de spray; tinteiros; toners; rolhas de cortiça; frigideiras; panelas; tachos e até talheres; Boias (praia/piscina); Embalagens de plástico HDPE (N°2) usadas em produtos de limpeza e de higiene pessoal (cremes, gel de banho, champô, amaciadores) e tampinhas.

Os artigos que as marcas recebem para reutilizar e que podem ser deixados nos respetivos stands:

· Tribu: Bóias, lençóis, toalhas de mesa, colchas, mantas, edredões e linha de costura. Lavados, mas não faz mal se tiverem buracos ou manchas!

· re.sk8: Skates antigos

· OIA Plast: Embalagens de detergentes e champô

· Salsa: Ganga

· Sempre a Rodar: Bicicletas estragadas ou já sem uso (mesmo muito antigas)

· Lobo Apparel: Ganga e Restos de tecidos de lã e algodão

· EcoX e The Greatest Candle – óleo alimentar usado

· Dancers by Georgia: gangas/ roupas / croché / renda

· D’ecolife: Bijutarias com defeito ou sem uso (qualquer material)

· Torres Novas: toalhas/roupões velhos/em desuso

· Biovó: frascos pequenos com tampa (até 200ml) de vidro ou plástico

· Wonther: peças de prata

· 8000 kicks: todo o tipo de calçado menos peles e sandálias/chinelos

· KNOT Re.love: peças da KNOT que já não têm uso

· ec0p: embalagens de alumínio redondas (app. 100 ml)

A Produção da Cidade do Zero: Impacto Ambiental Praticamente Neutro

A produção da “Cidade do Zero” está a ser, uma vez mais, totalmente pensada de forma a causar o menor impacto ambiental possível, mantendo o compromisso de utilizar apenas materiais que já estejam produzidos, ou cuja produção já esteja planeada, apostando ainda em materiais nacionais, renováveis e reciclados.

As bancas do evento serão feitas com madeira nacional de florestas certificadas, que vai ser usada posteriormente em cofragens de obra. A madeira utilizada foi cedida pela Companhia das Madeiras, que irá realizar toda a montagem com a Civifran, ambas empresas parceiras do evento. Os espaços de ensombramento da “Cidade do Zero” serão feitos com instalações de arte e materiais reutilizados, o mobiliário de exterior será todo reciclado (incluindo caixotes do lixo, sinalética, mesas e bancos), da empresa portuguesa Floema e os limites laterais dos stands com tecido de deadstock de fábricas nacionais.

Toda a sinalética do evento foi aproveitada da primeira edição e será reutilizada, com a assinatura do Common Ground Studio, um estúdio nacional de design. Já a decoração interior, contará com a Santo Infante, empresa que representa marcas de decoração nacionais e todas as plantas e espaços verdes serão fornecidos pela Planta Livre, com a premissa de utilizar espécies nacionais com foco em espécies produtivas para alimentação humana. Quercus suber, Taxus baccata, Alnus glutinosa e Arbutus unedo, são algumas das espécies de plantas que irão refrescar e decorar esta “cidade”. O arquiteto responsável por todo o design do espaço é Manuel Cruchinho, sócio fundador da MCA – Manuel Cruchinho Arquitectos.

Por último, a acessibilidade e inclusão também estão asseguradas nesta segunda edição da “Cidade do Zero”: “à semelhança do ano passado, teremos todo o recinto adaptado a pessoas com mobilidade reduzida. E voltaremos a ter também a possibilidade de tradução do evento para Língua Gestual Portuguesa. Basta, para isso, enviar um e-mail para mercado@do-zero.pt”, garante Catarina Barreiros.

A “Cidade do Zero” conta novamente com o apoio da Delta e da GoParity. AEG, Asus, Be@t, Casa Mendes Gonçalves, Civifran, Companhia das Madeiras, DECO, Eletrão, EMEL, Grupo Ageas Portugal, GROHE, Pingo Doce, Planta Livre, Salsa Jeans, The Loop e Volvo são as novas empresas parceiras nesta segunda edição da “cidade” mais sustentável e inclusiva do país.