Cidadãos têm agora a oportunidade de explorar a Rede Natura 2000 de uma forma abrangente
Desde o passado dia 1 de julho, sexta-feira, que já é possível descobrir aquela que é a maior rede de áreas protegidas do mundo: a Rede Natura 2000 (RN). Tal como no “velho passaporte analógico”, esta aplicação para dispositivos móveis, concetualizada pela Palombar, convida o utilizador a viajar pela RN2000 e a visitar locais específicos, onde vai encontrar QR Codes que lhe vão permitir carimbar o seu Passaporte Natura 2000. A colocação do carimbo desbloqueia novos conteúdos sobre o local visitado.
Em declarações à Ambiente Magazine, Rui Dias, engenheiro florestal da Palombar e coordenador o projeto da app Passaporte Natura 2000, indica que o grande objetivo desta iniciativa é “divulgar a Rede Natura 2000” e, ao mesmo tempo, “contribuir para a conservação do seu capital natural e humano”.
A perceção que chega à Palombar é de que a RN2000 é “pouco conhecida pela sociedade em geral” e, por isso, “achámos que podíamos divulgar estas áreas de grande riqueza quanto à biodiversidade, ao património material e imaterial que aí existe” e, também, “quanto aos saberes e tradições das comunidades que habitam” nas áreas da RN2000 ou nas suas imediações. Foi esta “pouca familiarização da sociedade em geral” com a RN2000, que esteve na origem da criação desta aplicação: “Pensámos que o aviso do Fundo Ambiental destinado à Educação Ambiental seria uma boa oportunidade para tornar a informação sobre estas áreas mais acessível ao público em geral”. E a melhor forma para o fazer seria, precisamente, recorrer à “tecnologia”, desmaterializando ao máximo a “experiência do utilizador” e, em simultâneo, criando uma “forma de cativar as pessoas a visitar, descobrir e experienciar o território”. A isto soma-se os “benefícios” que o cidadão comum passa a ter em conhecer a RN2000, a sua biodiversidade, o seu património e as suas comunidades: “Muitas vezes, estão a uma curta distância: em Portugal Continental e Insular, existem 108 Zonas Especiais de Conservação (ZEC) e 62 Zonas de Proteção Especial (ZPE)”, refere.
Na aplicação, os locais a visitar estão divididos em três categorias: Biodiversidade, Património e Comunidades: “Sempre em locais de grande beleza cénica onde, com sorte e alguma paciência, se poderá observar a biodiversidade local (biodiversidade), em locais muito relevantes do ponto de vista do património material e imaterial, incluindo a geodiversidade (património), e em locais onde artesãos locais ainda desenvolvem ofícios tradicionais ou onde persistem tradições centenárias dignas de divulgação (comunidades)”, refere. Quanto aos conteúdos explanados na aplicação, o engenheiro assegura que foram “cuidadosamente preparados”, quer ao nível da “imagem, com fotografia de grande qualidade feita por vários autores, das ilustrações únicas para cada local e para cada carimbo ou dos textos com uma componente ficcional que pretende transportar o utilizador para o ambiente que está a visitar ou os textos informativos que foram fruto de investigação cuidada”. Neste momento, com o financiamento que a Palombar obteve do Fundo Ambiental, foi possível “abranger duas áreas da RN2000: as Minas de Santo Adrião e o Douro Internacional, com 28 QR Codes distribuídos pelas duas áreas”, acrescenta.
Transversal a todas as faixas etárias, a ideia desta aplicação é, exatamente, “oferecer a oportunidade de explorar a RN2000”, de uma forma abrangente e de acesso democrático. Para quem gostar de “alguma competição saudável”, o Passaporte Natura 2000 tem um “Ranking” dos utilizadores com o maior número de carimbos, acrescenta.
Nesta fase inicial, o engenheiro refere que o objetivo é “divulgar a aplicação para chegar ao maior número de utilizadores possível,” quase como uma prova de conceito. Num futuro próximo, dependendo do “financiamento que se conseguir captar para o desenvolvimento do projeto”, há interesse em “expandir” as áreas de Rede Natura abrangidas no Passaporte e em “aumentar “o número de QR Codes nas Minas de Santo Adrião e no Douro Internacional: “Consideramos que o potencial desta aplicação é virtualmente inesgotável, uma vez que poderá crescer para incluir todas as áreas de RN2000 do país, cada uma com inúmeros pontos de interesse a visitar e onde se poderá carimbar o Passaporte Natura 2000”. Contudo, “sabemos que esse será sempre um processo faseado e a médio e longo prazo”, remata.
O Passaporte Natura 2000 foi desenvolvido em estreita parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Direção Regional de Cultura do Norte, bem como com os municípios, as juntas de freguesia e as comunidades locais das duas áreas da Rede Natura 2000 trabalhadas até ao momento.