Os setores da indústria têxtil e do vestuário contribuem de forma maciça para a poluição dos lençóis freáticos, bem como para a emissão de gases com efeito estufa. A conclusão é de um estudo “O Papel da Sustentabilidade no Desempenho das PME’s” desenvolvido no âmbito de uma avaliação para a disciplina “Seminário de Economia”, correspondente ao terceiro ano da licenciatura em Economia da Faculdade de Economia do Porto (FEP).
À Ambiente Magazine, os investigadores João Manarte, Frederico Ferreira e Tiago Martinez apontam que os setores do têxtil e do vestuário revelam-se interessantes de analisar, tendo em vista a “necessidade presente de recalibrarem” os seus processos de produção. Desta forma, a sustentabilidade representa, para estes setores, uma oportunidade para que os “diversos intervenientes possam prosperar”, aumentando os seus “resultados financeiros”, face à “crescente consciencialização dos consumidores e decorrente interesse em conhecer a forma como as diversas empresas atuam e se o fazem ou não de acordo com práticas que sejam sustentáveis”, do ponto de vista dos recursos e da mão de obra: “A certificação representa, assim, uma oportunidade de cativar novos consumidores, que cada vez se tornam mais exigentes”, explicam.
Relativamente às PME´s, a investigação aponta que este tipo de empresas, até à data, continuam “relutantes” em modificar os seus processos de produção que são prejudiciais ao meio ambiente. Ao nível da consultoria ambiental, constata-se que “a maioria das PME’s em Portugal não dispõe dos recursos necessários à encomenda de um estudo que possa propor as principais medidas para que a empresa se torne mais sustentável e competitiva do ponto de vista da gestão dos recursos”, indicam os investigadores, constatando que “existe um enorme grau de aversão por parte destas empresas em permitir que os seus negócios sejam auditados”.
As conclusões desta investigação demonstram que há um conjunto de soluções que devem ser adotadas pelo tecido empresarial, nomeadamente, a “implementação de práticas mais sustentáveis nas empresas”, a “imposição de metas europeias rumo à sustentabilidade” e a “aposta em campanhas de sensibilização dos consumidores por parte dos Governos”. Posto isto, “é de prever que a sustentabilidade venha a consistir um importante fator para as empresas que ambicionem diferenciar os seus produtos ou os seus serviços”, sendo a “consultoria do ambiente um setor com perspetivas de crescimento para os próximos anos”, sustentam.
O estudo “O Papel da Sustentabilidade no Desempenho das PME’s” consistiu na avaliação da adoção de práticas que tenham subjacente a preservação do meio ambiente, por parte do tecido empresarial português, através do impacto que essas possam ter nos resultados financeiros das empresas, servindo para desmistificar algumas assunções que ainda proliferam na opinião pública. As bases da investigação consistem em publicações de diversos autores reputados, relacionadas com a sustentabilidade no meio empresarial, bem como na análise de informação financeira providenciada pelas empresas selecionadas e disponibilizada através da plataforma Sabi.