Centro de Ciência da Água quer transformar hábitos e comportamentos em prol da sustentabilidade ambiental
Sendo a cidade de Beja, no Alentejo, um território extremamente afetado pelas alterações climáticas, que entre outros originam períodos de seca extrema, torna-se crucial alavancar os temas da sustentabilidade e da consciencialização ambiental. É assim que surge o Centro de Ciência da Água.
Inaugurado oficialmente no passado dia 12 de maio, este projeto, coordenado pelo município de Beja e pela EMAS de Beja, nasce assim da necessidade de transformar hábitos e comportamentos face às questões ambientais, em especial na “promoção do uso eficiente da água” e na “defesa dos recursos hídricos”, assumindo a existência de um novo paradigma: a economia circular. Para as entidades promotoras deste projeto, é fundamental, ter um “espaço moderno e multifacetado”, tal como é o Centro de Ciência da Água: “É móvel e dá resposta a diferentes atividades de sensibilização ambiental, adaptável a todos os públicos e, simultaneamente, está dotado de equipamentos tecnológicos que contribuam para o combate às perdas de água”, fundamentam as entidades. Em suma, o projeto tem na “prevenção”, a “sensibilização ambiental”, e na “ação”, o “combate às perdas de água os seus principais objetivos”.
No desafio de combater as perdas, torna-se, igualmente, fundamental recorrer às “melhores tecnologias” disponíveis para fazer assim uma “adequada gestão da água em meio urbano” e, nesse sentido, o Centro de Ciência vai consolidar à sua volta uma “maior capacidade de intervenção” nesta área.
Para além das vantagens associadas à gestão eficiente dos recursos hídricos, este projeto já está a contribuir para um dos grandes objetivos da EMAS, no que concerne ao indicador de Água não faturada (ANF): “Em 2020, alcançamos um marco histórico, pelo excelente resultado obtido de 19,8% no que concerne aos valores de ANF, cumprindo as recomendações do PENSAAR 2020 (Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais), garantindo o melhor desempenho no indicador da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) em termos da eficiência de distribuição”, indica a entidade. Aliás, “um indicador que posiciona a EMAS de Beja como uma referência nacional enquanto entidade gestora, quando comparada com a média nacional que se aproxima dos 30% e a média da região e do distrito de Beja, ambas a ultrapassar os 40%”, destaca a empresa municipal.
Neste contexto, os equipamentos tecnológicos adquiridos no âmbito do presente projeto, como são exemplo o” geofone e correladores acústicos”, já estão a ser utilizados diariamente pela equipa responsável pela “gestão de rede e controlo de perdas da EMAS, dotando e melhorando a sua eficiência operacional”, adiantam as entidades. Por outro lado, com a unidade agora produzida e o facto ser móvel, vai permitir a realização de ações de sensibilização ambiental em espaços exteriores. Um dos pilares deste projeto é precisamente “ir ao encontro da comunidade em segurança”, reforçando o compromisso do município no contributo para o desenvolvimento sustentável da região.
[blockquote style=”1″]Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo[/blockquote]
Um dos objetivos do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo é a identificação de medidas de curto e médio prazo, que promovam a eficiência hídrica, assim como os fatores críticos para o seu sucesso: “Ter um projeto desta envergadura no concelho de Beja é de extrema importância e de enorme responsabilidade, pois temos em mãos a oportunidade de contribuir para os compromissos e objetivos nacionais e internacionais no âmbito do desenvolvimento sustentável”, destacam as entidades.
No que diz respeito a metas, a EMAS de Beja e o município desejam, acima de tudo, contribuir para a “capacitação da população” através da sensibilização ambiental, de forma a “alterar as mentalidades, as atitudes e os comportamentos da sociedade, pois só assim é possível compreender o real valor deste recurso: A água”. A nível operacional, “continuaremos diariamente a adotar as melhores práticas e métodos, que nos dias de hoje já são reconhecidos como um exemplo a seguir no setor da água nacional”, asseguram.
Para a EMAS de Beja, projetos com o Centro de Ciência da água têm um papel relevante pelo facto de “melhorar a relação com o cliente e com a comunidade”, mas, também, são “processos catalisadores do melhor conhecimento destas questões ambientais” por parte da população e dos clientes em geral, tornando-os “parceiros ativos e exigentes na defesa do serviço de qualidade a vários níveis”.
Também do lado do município, há um reconhecimento vantajoso para a cidade de Beja: “Representa a possibilidade de desenvolver um projeto antigo, que agora conseguimos ver concretizado, nas suas várias dimensões”.
Quanto a perspetivas para o futuro: “Estamos seguros de que o Centro de Ciência da Água de Beja será uma valência capaz de proporcionar conhecimento, estimular a criatividade e incentivar a investigação, sendo um polo promotor de referência, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região e do setor da água nacional”, rematam.
O projeto Centro de Ciência da Água de Beja foi 100% financiado pelo Fundo Ambiental, tendo sido executado o montante aproximado de 100 mil euros.