As centrais de carvão na União Europeia são responsáveis por quase 23 mil mortos por ano e por gastos na saúde de milhões de euros, denuncia um relatório elaborado por várias organizações não-governamentais. Intitulado “A nuvem negra da Europa: como os países que utilizam carvão põem doentes os seus vizinhos”, o relatório analisa os impactos na saúde, em 2013, de 257 centrais europeias.
O carvão foi responsável por 18% das emissões de gases com efeito de estufa na UE, em 2014. Em 2013, as emissões das centrais que utilizam aquele combustível fóssil provocaram 22.900 mortos prematuros, mas também dezenas de milhares de casos de doenças cardíacas, bronquites e cancros, refere o relatório, elaborado pela WWF, Climate Action Network, Heal (Aliança para a Saúde e Ambiente) e Sandbag. “Mais de metade das mortes prematuras na União Europeia podem ser atribuídas a 30 centrais que utilizam carvão”, sublinha o relatório.
Segundo o relatório, os custos na saúde devido ao impacto da utilização daquele combustível variam entre os “32,4 e os 62,3 mil milhões de euros”.
Os cinco países mais afetados pela poluição do carvão proveniente de países vizinhos são a Alemanha (3.630 mortes), Itália (1.610), França (1.380), Grécia (1.050) e na Hungria (700).
“A França usa pouco os combustíveis fósseis no seu cabaz energético, mas é muito atingida pelas centrais dos seus vizinhos”, refere o relatório.
Os cinco países cujas centrais provocaram mortes nos países vizinhos são a Polónia, com 4.690 mortes, Alemanha, com 2.490, Roménia, com 1.660, Bulgária, com 1.390, e Reino Unido, com 1.350.
As partículas finas são o “ingrediente mais tóxico” da poluição por carvão, tendo provocado a morte a 19.000 pessoas. Aquelas partículas afetam o sistema respiratório e o sangue e podem voar “centenas de quilómetros”, refere o documento.
Quanto ao mercúrio produzido pela combustão daquele tipo de combustível, é responsável por “danificar o sistema nervoso de milhares de fetos na Europa todos os anos”, sublinha o relatório.
“A poluição do ar é responsável por milhões de mortos no mundo inteiro” e o aquecimento global veio “agravar o problema”, sublinhou Roberto Bertollini, representante da Organização Mundial de Saúde junto da União Europeia.