Celpa: O futuro das florestas é plantar e gerir árvores
Desde sempre que a missão da Celpa é a de promover de forma incessante a utilização das melhores práticas de gestão florestal junto dos produtores florestais nacionais. Esta missão traduz-se numa atuação diária no terreno para promover uma gestão sustentável na floresta portuguesa, de acordo com os princípios e as práticas internacionalmente aceites. Esta promoção é feita diariamente, através de diversos projetos que, nos últimos quatro anos, já incidiram em mais de 50 mil hectares de Floresta. Para além destas ações, as empresas associadas da Celpa asseguram a gestão sustentável e certificada de quase 200 mil hectares de floresta em Portugal.
Tal como explica Francisco Gomes da Silva, diretor-geral da Celpa, a gestão das florestas, como a de qualquer ecossistema, depende dos objetivos que se pretendem alcançar. Em Portugal, em que a quase totalidade da Floresta é plantada pelo homem, devem conviver essencialmente dois tipos de objetivos: “Garantir a preservação e a valorização dos recursos através de práticas de promovam a produção de serviços do ecossistema” e “garantir a produção de matéria-prima que serve de base a um conjunto de leiras industriais, como a da Pasta e do Papel, que assumem um papel insubstituível na aposta numa bioeconomia circular capaz de promover a substituição de um vastíssimo leque de produtos de origem fóssil”. Estes são objetivos que “podem e devem conviver em simultâneo”, desde que “as práticas de silvicultura adotadas sejam as mais adequadas”, incluindo a “escolha das espécies florestais e a sua distribuição em mosaico territorial”, refere.
Enquanto instrumento de combate às alterações climáticas, as florestas plantadas têm a mais-valia de conseguirem garantir uma maior proteção das florestas primárias”, particularmente relevantes para a função de sumidouro de carbono, “quer por um efeito direto de substituição – isto é, ao plantarmos floresta para fins específicos, evitamos utilizar as florestas primárias para esses fins -, quer por um efeito de subsidiação cruzada – isto é, o valor gerado pela utilização económica de florestas plantadas pode ser canalisado para a proteção e manutenção das florestas primárias . Mas as florestas plantadas em Portugal são muito mais do que isso: Aquelas que estão na base da leira industrial da pasta e do papel em Portugal (florestas de eucalipto e de pinheiro-bravo) são as florestas que apresentam a mais elevada taxa anual de sequestro de CO2, requisito essencial para que se possam alcançar as metas da neutralidade carbónica em 2050 (de acordo com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050). Para além disso, é a partir das florestas plantadas, nomeadamente da floresta de eucalipto e pinho , que se podem “produzir todos os produtos atualmente derivados dos combustíveis de origem fóssil”, precisa o responsável, dando como exemplo, o facto de “a nível Europeu – (“Portugal está completamente alinhado com estes valores”) -, a Floresta sequestra anualmente cerca de 447 milhões de toneladas de CO2 e as indústrias da pasta e papel são responsáveis por produzir produtos que evitam a emissão de 410 milhões de toneladas de C 2 a partir de combustíveis fósseis”.
Relativamente ao impacto económico das florestas plantadas e bem geridas em Portugal, Francisco Gomes da Silva destaca as florestas que servem de base indústria que a Celpa representa – a produção de paste e papel: “Estamos a falar de 2,9 mil milhões de euros de volume de vendas, a que corresponde um VAB de cerca de mil milhões de euros (um pouco menos do que 1,5 do PIB português). Acresce que o VAB em causa é essencialmente de origem nacional: “Portugal ocupa o 2.º lugar na Europa na produção de papel e cartão não revestido e o 3.º lugar na produção de pasta a floresta que serve de “base a exportações anuais de cerca de 2,3 mil milhões de euros , o que representa cerca de 50% das exportações de todas as fileiras de base florestal , destaca o responsável, precisando que se trata de 5% da exportação anual de bens. Este grau de internacionalização permite leira alcançar um saldo da balança comercial superior a 1,2 mil milhões de euros anuais”.
Estes são exemplos que, no entender do responsável, ilustram a forma como florestas bem geridas são as áreas geridas pelas empresas associadas da Celpa, tanto as áreas de eucalipto como de outras espécies. Podem servir ainda de exemplo as áreas que, sob a égide de diversos Programas Florestais da Celpa, estão a ser geridas de acordo com todas recomendações: “Estes são exemplos simples daquilo que
consideramos uma floresta bem gerida; uma floresta que, no absoluto respeito pelos valores naturais, promove a criação de riqueza, o sequestro de carbono, o aumento da resiliência dos territórios ao risco de incêndio”. A Celpa e respetivos associados estão no terreno a fazer acontecer, não se limitando a dizer o que deverá ser feito: “Contribuímos diariamente, e, a nosso ver, de forma decisiva, para uma floresta mais sustentável e para um território mais amigo das populações”.
Já sobre o impacto das forestas plantadas no desenvolvimento da Economia Verde, o diretor-geral da Celpa afirma que florestas plantadas, nomeadamente as florestas de eucalipto e de pinheiro-bravo, são a base das fileiras de bioeconomia circular que permitem a substituição das matérias-primas e produtos de origem fóssil: “Não existe nada que atualmente seja produzido a partir de combustíveis fósseis que não possa ser produzido a partir da madeira proveniente das forestas plantadas . Para isso, precisamos de mais e melhor ores- ta, plantada nas zonas de maior aptidão e geridas de acordo com as melhores práticas de silvicultura sustentável”, sustenta.
Este artigo foi publicado na edição 93 da Ambiente Magazine