O Dia da Tartaruga é celebrado internacionalmente com o objetivo de sensibilizar e aumentar o conhecimento da população relativamente a estes répteis. Em Portugal, temos a presença de duas espécies autótones de tartarugas de água doce, o Cágado-mediterrâneo (Mauremys leprosa) e o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis).
Estas duas espécies partilham inúmeras vezes o mesmo habitat, sendo que o Cágado-de-carapaça-estriada é o mais raro e menos abundante, encontrando-se em risco de extinção no nosso país. A tardia maturidade sexual das fêmeas associada a baixas taxas de fecundidade e a uma mortalidade infantil elevada implicam uma taxa de crescimento populacional muito baixa, colocando a espécie numa situação particularmente frágil e vulnerável perante eventuais impactes negativos, explica a Quercus, em comunicado.
A associação ambientalista lembra que duas das grandes ameaças a estas espécies são as capturas intencionais e acidentais e a introdução de espécies exóticas.
Estas espécies são frequentemente capturadas ilegalmente para animais de estimação, fabrico de objetos ornamentais e alimentação. Os cágados são também alvo de perseguição por parte dos pescadores motivados pela crença popular de que estes se alimentam de peixes dulciaquícolas. Estas capturas ilegais são responsáveis por elevadas taxas de mortalidade que põem em causa a dinâmica das populações de cágados. Também as mortes acidentais causadas pelas redes e outras artes de pesca representam uma significativa ameaça.
A Quercus refere, na mesma nota, saber que a introdução de espécies de tartarugas exóticas acontece e que a sua principal fonte é o comércio de animais de estimação e a consequente fuga ou libertação deliberada na natureza pelos seus proprietários. Estas espécies exóticas, das quais a Tartaruga-da-flórida representa um óptimo exemplo, apresentam uma baixa idade de maturação sexual, uma elevada fecundidade, maior agressividade e maiores dimensões do que as espécies autótones, o que lhes confere uma elevada capacidade competitiva na obtenção de alimento e de locais de termorregulação e de nidificação.
Também a introdução de espécies vegetais exóticas pode representar uma ameaça para as populações de cágados. Um exemplo disso foi a introdução do jacinto de água que ao aumentar os níveis de eutrofização deteriora a qualidade da água da água, acarretando impactes negativos para as comunidades vegetal e animal da área.
Os ambientalistas lembram pois a importância de nunca libertar animais ou plantas exóticas na natureza e contactar a Linha SOS Ambiente (808 200 520) se necessário. Pedem também ponderação na aquisição de uma espécie exótica e aconselham a que esta se baseie em informação das características biológicas da espécie para que mais tarde não deixemos de ter condições para continuar a mantê-la.