No dia em que se celebrou o combate mundial à desertificação e à seca, 17 de junho, o Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça (CCSC) faz o lançamento público da “APP – Cartografia de Aptidão para o Sobreiro”. De acordo com este Centro, a aplicação vai permitir a gestores, técnicos e proprietários florestais saber, com base na localização geográfica, a aptidão para a instalação e crescimento do sobreiro, contribuindo desta forma para o sucesso das futuras plantações, as quais são um dos vetores no combate à desertificação e na mitigação das alterações climáticas.
Segundo um comunicado divulgado pelo CCSC, 48% da área de sobreiro existente em Portugal corresponde a regiões com elevada suscetibilidade à desertificação, existindo ainda, de acordo com os cenários de alterações climáticas um potencial de expansão para o centro e norte do país.
Desta forma, a prevenção dos efeitos das alterações climáticas pode ser obtida concretizando o aumento do grau de coberto dos povoamentos atuais e o potencial de expansão do sobreiro, sendo determinante nestes objetivos o conhecimento da aptidão de cada local para a instalação do sobreiro. Uma das principais tarefas do CCSC é, assim, a “transferência de conhecimento entre a Investigação e os proprietários florestais”, tendo este centro, através de um projeto financiado pela Rede Rural Nacional e com o apoio científico do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia, desenvolvido esta app que se destina à consulta de informação geográfica sobre a aptidão do sobreiro, lê-se no mesmo comunicado.
Este índice de qualidade tem por base o desenvolvimento da árvore e pretende identificar os locais mais
propícios à instalação de sobreiro, tendo em conta o potencial de crescimento da árvore.
Sendo o sobreiro reconhecido pela WWF (World Wide Fund for Nature) como um “travão” à desertificação, os indicadores relativos aos montados de sobro, elencados a 17 de junho de 2008 pela entidade no relatório “Sobreiro, uma barreira contra a desertificação” estão ainda longe de ser atingidos.
O relatório, segundo o CCSC, apontava como opções para travar a desertificação as “práticas promotoras da regeneração natural e proteção contra pragas e doenças”, ambas para “retroceder a tendência de decréscimo de densidade dos montados, garantindo coberto florestal, essencial para prevenir o risco de erosão e a perda de solo”. Os resultados do inventário florestal nacional de 2015 (IFN6) confirmam que a tendência não se agravou, mantendo-se os dados praticamente estáveis: “cerca de 35% dos montados de sobro têm menos de 40 árvores por ha e 35% têm mais de 80 árvores por ha, tal como acontecia em 2005 (IFN5), quando o cenário desejável correspondia a 1995, onde apenas 20% dos montados de sobro tinham menor de 40 árvores por ha”, refere o comunicado.
Sobre esta nova aplicação, o CCSC espera “dar um contributo positivo para o crescimento e melhoria do estado de vitalidade dos sobreiros e dos futuros montados de sobro em Portugal”.