A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defende que o Orçamento do Estado para 2019 “deve ter capacidade para responder” a projetos de reflorestação, de forma a ordenar as áreas ardidas ao nível económico e ambiental.
De acordo com a Lusa, Catarina Martins, durante a visita que fez à freguesia de Alferce, no concelho de Monchique, no distrito de Faro, afirmou aos jornalistas que “deve haver uma correspondência orçamental para a enorme importância que são os programas de reflorestação, que permitam limpar agora terrenos e proteger as linhas de água e, por outro lado, reflorestar, e que seja dos pontos de vista económico e ambiental, a melhor escolha para as populações”.
A líder bloquista reuniu-se com o presidente da Câmara de Monchique e visitou algumas zonas afetadas pelo fogo, que no início deste mês consumiu cerca de 28 mil hectares de floresta daquele concelho da serra algarvia.
Catarina Martins acrescentou que o incêndio, embora tivesse tido menos área ardida do que o registado em 2003, “causou um enorme impacto económico junto das populações, existindo para o BE duas preocupações muito grandes”.
“Além da importância da reconstrução das habitações permanentes, é importante ajudar os setores da agricultura de subsistência e familiar a ter os apoios, porque muitas vezes a burocracia é incompreensível para as pessoas que perdem tudo e que já são mais vulneráveis”, destacou.
De acordo com Catarina Martins, “as exigências que são feitas para os apoios, são exigências a que estas pessoas não conseguem responder, sendo necessárias regras claras e apoio no terreno para as pessoas saberem pedir apoio”.
“Para nós é fundamental este apoio às pessoas que não sabem sequer recorrer aos apoios que existem. Daí ser muito importante que junto das juntas de freguesias e do poder local se criem formas de apoiar estas pessoas. A burocracia não pode impedir esta gente de ter os apoios a que têm direito”, sublinhou.
Por outro lado, acrescentou, há outra questão muito importante que, apesar de não ser tão imediata, “tem de ser tratada já e que é a reflorestação”.
“Se nada for feito neste território, vamos ter problemas graves que sejam dos solos, das linhas de água, dos eucaliptos a crescerem um pouco por todo o lado e, isso é um problema grave e tem de ser tratado agora”, frisou.
Para Catarina Martins, embora se conheçam alguns apoios para a reconstrução das habitações e para a agricultura, o mesmo não se passa para a reflorestação: “É importante a prazo, para que este território seja vivo e mais resistente a estas tragédias tão grandes, e importante do ponto de vista económico”.
“São necessários programas de reflorestação e isso precisa de investimento público. Achamos que o OE2019 deve ter capacidade de responder por esses projetos de reflorestação”, sublinhou Catarina Martins, assegurando que o BE irá negociar com o Governo medidas orçamentais de apoio.
“Aquilo que achamos importante está sempre em cima da mesa e estamos a negociar, é isso que faremos”, concluiu a líder bloquista.