Cascais quer reciclar comportamentos
“Estamos sempre em défice no que diz respeito ao planeta. Por isso, ou invertemos o tipo de desenvolvimento que temos ou vai ficar muito difícil para as gerações vindouras”, afirmou Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, na abertura do seminário “Economia Circular na Região de Lisboa e Vale do Tejo”, organizado ontem pela Cascais Ambiente juntamente com a CCDR LVT.
O autarca salientou a necessidade de “partilhar ideias e projetos” de Economia Circular, como forma de avançar neste caminho. Neste sentido, apontou ainda, “temos de racionalizar os recursos e abandonar a lógica do consumo” e para isso, continuou “é necessário reciclar comportamentos”.
Carlos Carreiras salientou o trabalho desenvolvido já pela câmara, nomeadamente o facto da Câmara de Cascais “ser o único município do mundo que está a implementar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, contribuindo para a criação de comunidades resilientes e agentes da mudança.
Luís Almeida Capão, presidente da Cascais Ambiente, explicou que as poupanças verificadas em projetos de promoção do ambiente vão ser reinvestidos em inovação. É o que está a acontecer já na área dos resíduos, por exemplo, com o projeto de recolha de resíduos orgânicos, bem como nas energias renováveis com a criação de um fundo energético municipal.
O presidente da Cascais Ambiente apresentou a estratégia Terras de Cascais, que está a dinamizar o Ecossistema Agrícola de Cascais envolvendo toda a a cadeia desde a produção, distribuição, e venda de produtos locais, sazonais e biológicos. Além das hortas que já mobilizam cerca de 500 horticultores, está a ser criado um Banco de Terras, que pretende dar nova vida a terrenos abandonados, e ainda um projeto de empreendedorismo agrícola. Luís Capão destacou também o projeto de recolha de resíduos Waste4Think, como forma de aumentar a reciclagem e implementar a recolha de resíduos biodegradáveis (restos de comida).
A reforçar a necessidade de mudança nos comportamentos, Paulo Lemos, do departamento de Economia Circular da Direção Geral de Ambiente da Comissão Europeia, lembrou que desde a década de 60 a utilização de plástico aumentou 300 vezes a nível mundial, sendo que a produção do plástico representa 20% das emissões de gases com efeito de estufa. O também autor do estudo “Economia Circular como factor de resiliência e competitividade na região de Lisboa e Vale do Tejo” falou da importância de apostar em energias renováveis, novas tecnologias, promoção da economia de partilha, entre outras iniciativas.
O evento “Economia Circular na Região de Lisboa e Vale do Tejo” reuniu representantes de autarquias e outras entidades da região em torno da necessidade de passar de um modelo económico linear para um novo modelo circular, que prolongue a vida útil dos materiais e objetos na lógica da utilização eficiente dos recursos naturais. Entre os exemplos de projetos de Economia Circular já em curso na região destaque ainda para a empresa Extruplás, única empresa no país dedicada à reciclagem de plásticos mistos e transformação em mobiliário urbano; o projeto de metabolismo urbano do MIT Portugal; o Roadmap para a Economia Circular em curso na Câmara Municipal do Porto e ainda o projeto de redução do desperdício alimentar da Câmara Municipal de Lisboa.
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